quarta-feira, 22 de junho de 2011

Quando furar a orelhinha virou uma furada...

Minha orelha foi furada ainda na maternidade, quando eu tinha apenas três dias de vida. Desde então eu nunca deixei de usar brinco - adoro! Me sinto pelada sem. Sempre pensei que quando e se tivesse filhas, faria o mesmo com elas. Mas na maternidade em que Isabel nasceu eles não disponibilizam esse tipo de serviço. "Sem problemas", pensei. "Depois eu furo". E como uma enfermeira do berçário me deixou seu telefone dizendo que fazia o serviço na minha casa se eu quisesse, não me preocupei muito com esse assunto. Tinha tantas outras coisas na minha cabeça - a prematuridade de Isabel, seu baixo peso, o cansaço, as emoções - que na hora, colocar um brinquinho nela não era nem de longe uma prioridade.

E o tempo foi passando e eu fui cada vez mais me esquecendo dessa história.

Até que um dia, quando Isabel já tinha quatro meses, me deu os cinco minutos e eu decidi que tinha que furar a orelhinha dela para ontem! Viviam me perguntando se ela era menino ou menina. Tá certo que o carrinho dela e muitas roupas e mantinhas são azul já que pertenciam ao meu sobrinho. Mas ela tem mesmo uma carinha unissex, digamos assim, rs. Também todos me diziam que quanto antes se fura, melhor, porque com o tempo a pele do lóbulo vai ser tornando mais dura e dói mais. E mesmo sabendo de tudo isso e de que ela ficaria linda de brinco, eu fui adiando.

Quando decidi furar sua orelhinha me dei conta de que o telefone da tal enfermeira do berçário estava gravado no meu celular - que meus sobrinhos tinham feito o favor de quebrar! Fui então ao banco de leite falar com as enfermeiras de lá que já são minhas amigas, rs. Elas não têm autorização para furar lá e disseram que pela idade da Isabel o melhor mesmo era furar na farmácia, com pistola.

E aí toca achar uma farmácia que fure orelha de bebê de quatro meses. As grandes redes têm como política não fazê-lo, sei lá por quê. Fui a uma de bairro mas estava sem luz. Fui a outra e eles não tinham quem o fizesse.  E finalmente, na terceira, disseram que fariam na mesma hora.

Comprei o brinquinho. Queria um de pérola igual ao que eu gosto de usar mas eles não tinham. Como eu pretendia comprar um de ouro depois, acabei escolhendo um de brilhantinho. Sentei-me numa cadeira, coloquei Isabel sentadinha no meu colo conforme a farmacêutica havia solicitado e segurei seus braços com um braço meu e sua cabecinha com minha outra mão. Fiz tudo direitinho. Aí a moça pegou a caneta para marcar a bolinha dos furos. Mas ela não marcou uma bolinha! Marcou um risco. Pedi que refizesse. Ela refez. Conferi. Beleza, tudo nos trinques. Primeiro furo. Ai! Isabel, tadinha, não sabia o que lhe esperava. Desatou a chorar desesperada. Segurei-a junto ao meu peito, acalmei-a e ela logo se recompôs. Averigüei o trabalho da moça. Ótimo.

Segundo furo. Mesma coisa. Mas Isabel gritou mais alto. Nem bem o furo tinha sido feito tirei o peito para fora e lhe dei de mamar, como faço depois das vacinas, para aliviar a dor. Desta vez não averigüei o trabalho da moça. Pra quê... Quando Isabel terminou de mamar e se pôs a, feliz da vida e curiosa, ficar zoiando os remédios das prateleiras, levei um susto! O furo estava totalmente fora do lugar! A marca de caneta estava lá no seu devido lugar e o furo lá em cima perto do canal do ouvido.

Conversei com a mulher que disse que em um mês iria “ceder” e ficar no lugar. Mas ela não me convenceu. Se fosse assim então porque marcar a bolinha em outro lugar? E na outra orelha em que ficou bom, o furo em cima da marca? Ela ainda teve a audácia de sugerir que uma orelha da Isabel era bem maior que a outra! Eu sei que todos somos assimétricos e sei também reconhecer e admitir os “defeitos” estéticos da minha filha. Mas uma orelha bem maior que a outra ela não tem!

Fiquei calma o tempo todo porque sabia que não havia nada a fazer. Só me culpar por ter ido na primeira farmácia que me deu na telha. E isso só porque eu estava com pressa de furar a orelhinha, sendo que eu mesma havia tardado tanto em fazê-lo!

Comprei o tal spray anti-séptico. A recomendação era borrifar três vezes ao dia por uns quinze dias, até cicatrizar o furo. Para que o brinco não colasse à pele eu deveria rodá-lo todas as vezes que borrifasse o spray.

Cheguei em casa, tirei os brincos – tarefa nada fácil pois Isabel começou a chorar de dor e eu senti um peso no coração e na consciência. Borrifei o anti-séptico nos furinhos, na frente e atrás por umas duas semanas, mais de três vezes ao dia.

Agora aparentemente eles já cicatrizaram. O que estava errado está imperceptível, mas o que estava certo ficou com um pontinho escuro. Não sei bem o quê é. Se é alguma casquinha que ficou lá dentro, se ainda não cicatrizou por completo... estou aflita e na dúvida. Nem deveria ter tirado o brinco do furo que estava bom mas no desespero...

Agora toca procurar alguém que saiba furar direito a orelhinha de um bebê de agora cinco meses! Porque se na segunda vez der errado acho que só volto a tentar daqui a uns sete anos! E nesse meio tempo porei brinquinho de pressão nela, se é que isso funciona em bebê!

Meu apelo é para aquelas pessoas que são de São Paulo (capital), e que conhecem alguém que fura bem orelhinha de bebê. Se puderem deixar nome e telefone para contato, uma mãe bem destrambelhada aqui agradece! E uma filhinha cobaia-por-engano também!

Um comentário:

  1. Olá, nós estamos em 2018, portanto sua filhota já deve estar com 7 anos ou quase 7 :) Tenho 3 filhas, a primeira nasceu em 2013, e é a história do furo nas orelhinhas dela que eu gostaria de compartilhar e também de sanar algumas dúvidas minhas. Eu e meu companheiro tínhamos resolvido não colocar brincos nela, mesmo com todo o assédio incessante das enfermeiras da maternidade... Mas, teve um dia, em que eu estava sozinha com a minha bebê em casa e meu pai veio fazer uma visita... Ele chegou com brincos e álcool decido a furar as orelhinhas, e eu, que ainda era fraca na época acabei concordando. O meu pai é técnico em enfermagem, ele tinha este ponto a favor dele para ter me convencido. Mas depois, vê-la chorando de dor, com a orelha sangrando e ainda por cima os furos ficaram tortos... Imagina, todo este sofrimento por um trabalho mal feito. Hoje eu sinto muita culpa, tristeza e também muita raiva do meu pai. Eu deixei que ela usasse os brincos por um tempo, mas depois eu tirei e os buracos fecharam; até hoje ainda dá para ver a marquinha dos furos tortos... Parece também que os furos estão se movimentando de acordo com o crescimento da orelha, eles já estão numa posição de segundo furo... Agora eu aguardo e respeito a decisão dela de furar, se algum dia ela quiser... Eu não furei as orelhinhas das minhas outras 2 filhas, eu também terei que esperar a decisão delas. Só que, por exemplo, minhas orelhas foram furadas quando eu era bebezinha, mas, hoje em dia, eu nem uso mais brinco... Existem outras opções também como brincos que vêm em cartela para colar, hehe, eu adorava estes quando era criança... Eu andei pesquisando e percebi que é uma decisão muito importante e que um furo na orelha deve ser feito por um profissional muito bem qualificado. É importante utilizar anestésico e tem ainda um ponto neutro no lóbulo da orelha, conhecido pela acupuntura, encontrado com um aparelho chamado toboscópio e a marcação tem que ser feita com caneta cirúrgica. Só que eu ainda acredito que o melhor a ser feito é esperar o ser humano crescer e decidir quando furar, até porque, mesmo com todo o aparato necessário, é muito mais fácil de acertar a posição do furo num ser humano maior. Pra começar, as chances de errar se tornam menores numa pessoa que consegue ficar parada e que deseja, conscientemente, ter suas orelhas furadas... Eu decidi que a única forma do meu pai se redimir é a seguinte: a minha filha ou até mesmo eu tem que furar as orelhas dele com o próprio brinco e de maneira torta e ele terá que usar os brincos por pelo menos 1 ano... :) Enfim, hehe, eu gostaria de saber como ficaram as orelhinhas da sua bebê desde então ^.^

    Um grande abraço.

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