sexta-feira, 27 de maio de 2011

Coisas de Criança

Faz umas semanas eu estava ocupada e deixei a Isabel na cadeirinha no quintal para tomar ar fresco e um pouco de sol. Meus sobrinhos de dois anos e meio estavam brincando lá também sem camisa por conta do calor. E então Isabel começa a chorar. Passam-se alguns instantes e eu ouço meu sobrinho: "Awwww... não chora tchuquitchuqui... Eu tou aqui!" Adorei. Eu falo isso para ela direto quando ela abre o berreiro. E então comecei a reparar que eles estão sempre repetindo o que a gente diz. É o máximo. Já ouvi, dirigido a Isabel: "Que foi, gatinha, que foi?" / "Wakey, wakey Isabel!" (Acorda, acorda) / "Aw, não tem por quê chorar!", e por aí vai. Meu sobrinho, safado como só ele, logo que completou dois anos passou a me chamar pelo meu nome. Não gostei. Me senti como se não fosse parte da família. Acho que ele ouvia minha irmã me chamar pelo meu nome e então começou a imitar, se deu conta de que entre adultos nos referíamos uns aos outros por outro nome, e não aquele a que ele estava acostumado (papai, mamãe, vovó, etc). Todas as tentativas de fazer ele parar foram em vão. E minha irmã só ria. Até que ele começou a chamar o tio, a avó, o pai, e finalmente, até a mãe pelo nome! Ela não gostou nem um pouco e quem passou a rir fui eu! "É mamãe, MAMÃE", tentou. Mas o pai nunca se importou: "Ele tem personalidade, deixa!". E então deixamos. Só que agora ele não chama a mãe mais pelo nome. Chama pelo apelido, hahaha! Dia desses na rua ele corre em direção a ela e a chama pelo apelido, pelo nome, até que ela atende. E a vizinha da frente, meio confusa questiona: "Mas você não é mãe dele!?". Minha irmã, tão acostumada, não entende o porquê da pergunta...

Bom, voltando ao dia quente e às crianças no quintal, mais uma que mostra o quanto elas absorvem do cotidiano e o quanto o que nós fazemos e dizemos tem influência direta na formação deles. Logo que ouvi meu sobrinho me imitando e tentando acalmar a Isabel fui conferir. E qual minha surpresa quando dou de cara com minha sobrinha se debruçando sobre a Isabel e, sem camisa, apertando os mamilozinhos em cima do rosto dela, maaaaaaaais ou menos como eu faço quando dou de mamar! Hahaha, eu amei, ri muito, corri para pegar o celular e filmar.

E isso me fez lembrar uma discussão que tivemos um dia no colégio na aula de filosofia quando eu era jovem. A pergunta era se as diferenças entre homens e mulheres eram puramente biológicas ou se a sociedade é que moldava meninos e meninas de maneiras diferentes. E eu expus minha opinião de que, fora as óbvias discrepâncias biológicas, o grosso das diferenças era construído pela sociedade, que ensia meninas a brincar de bonecas e meninos a não chorar.

E hoje penso diferente. Nascemos diferente. Só minha sobrinha teve esse instinto de "amamentar" Isabel para acalmá-la. Meu sobrinho não. Mais do que isso - pois podemos dizer que aos dois anos e meio uma criança já sabe que existem meninOs e meninAs - desde pequenos, meus sobrinhos demonstram ter interesses diferentes que independem da criação que lhes demos. Por exemplo. Os dois cresceram e crescem juntos. Sempre os deixamos brincar com os mesmos brinquedos. Mas o menino sempre demonstrou uma preferência por chaves, pelas ferrramentas do pai (para desespero dele!) e por carrinhos, enquanto a menina sempre preferiu brincar com as bonecas e bichinhos de pelúcia. E começo a concordar com minha sogra que diz que "a gente já nasce sabendo ser mãe". (Não vou aqui entrar no tópico das mulheres que não querem ser mãe ou que acham que não levam jeito para a coisa, nem na questão da homosexualidade, daria outro post!)

Um comentário:

  1. Hahahaha! Que sarro a tua sobrinha amamentando a Isabel!
    Tirou foto?
    Compartilhe!!
    Beijos

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