segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Atualizando

Faz tempo que não falo da Isabel aqui então hoje resolvi contar das mil e uma coisas que tem acontecido:

14/10 - Dia do seu nono mesversário: saiu o primeiro dentinho! No maxilar inferior, o incisivo, do lado direito.
22/10 - Segundo dentinho! O outro incisivo. Neste dia ela também aprendeu a bater palminhas!
3/11 - Ficou de quatro pela primeira vez!
23/11 - Consegue passar de deitada para sentada sozinha e tenta engatinhar - sem muito sucesso ainda. Continua só se arrastando para lá e para cá.
28/11 - Fica ajoelhada um bom tempo pela primeira vez.
30/11 - Se apóia nos móveis e pela primeira vez fica de pé sozinha. Antes no banho ela já tentava mas se apoiava em mim e na banheirinha.
02 e 03/12 - Engatinhou pelas primeiras vezes mas foi muito rapidinho, uns dois passinhos só. Fica fazendo dooooce...
07/12 - Oficialmente engatinha. Fica de pé no berço. Isso me causa muita dor-de-cabeça. Acorda no meio da noite, levanta e fica olhando para mim, mexendo em mim. Levo um susto! Tenho que abaixar o berço para que ela durma no cercadinho e não pule para fora do berço!
16/12 - Dá tchau para alguém (uma vendedora que ela nunca tinha visto) pela primeira vez.

Fora tudo isso, no dia 09/12 fizemos a segunda tentativa de furar a orelhinha dela. A primeira, não deu certo. Graças a Deus agora deu e a Isabel já está desfilando com um lindo diamantezinho ching-ling em cada lóbulo (acabei escolhendo o diamante porque não tinham pérola).

A papinha dela agora não é mais espremida no espremedor de alho - é amassada com garfo. Os pedaços são grandes até, para que ela aprenda a mastigar. Coisa que aliás ela já faz. Muito bonitinho. Eu a ensinei - ficava pondo a papinha dela na boca e mastigando de boca aberta (!) e depois engolindo, para que ela entendesse a mecânica da coisa. Ela achava a maior graça. Ria que era uma beleza. Agora já tem três dentinhos em baixo e quatro em cima (!). Já escovamos seus dentes todas as noites antes de dormir com escova de dente, pasta Cocoricó e tudo. Muito chique, rs!

Tenho variado bastante seu cardápio para que ela possa ingerir nutrientes variados e seja como a mãe que come de tuuuudo. De tudo mesmo. Só não gosto de quiabo (aquela baba!) e jiló. Uma vez fui a Hong Kong e à Cingapura a convite de uns amigos da faculdade que eram de lá. Eu e meu amigo inglês (filho de indianos) passamos duas semanas só comendo comida típica. Provei de tudo. Primeiro eu comia e depois perguntava, rs. Tinha ovo enterrado, um cubóide vermelho que parecia gelatinha mas que depois eu vim a descobrir que era sangue de porco coagulado (hahaha) e mais um monte de coisa. Comi umas esferas que depois disseram que eram "bolas de polvo". Quase surtei. Mas sosseguei quando descobri que eram "bolas DE CARNE de polvo". Tipo uma almôndega de polvo, entende?

Óbvio que a Isa não comeu nada disso mas já provou cereja, coco, maracujá, kiwi, melão, melancia, manga, ameixa, pêssego, nectarina e mais uma pá de fruta. Ela adora. Mas não está crescendo! Não sei o que faço. Ela come de tudo, come bastante, tem ótimo apetite. Mas não cresce! Está com 7,900kg e 68cm. Médico disse que é normal. Basta acompanhar. Marido também. Eu estou com um pé atrás. Vamos ver.

E fora tudo isso tem o capacete! Mas isso fica para outro post! Beijos..!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Inocência ou Negligência?

A Rafaella escreveu um post em que falava sobre a 'inocência' de alguns pais que deixam os filhos com estranhos no supermercado, em shows do Patati-Patatá e afins, enquanto vão ao banheiro ou o que quer que seja.

Li seu post e tive que comentar: "Rafaella, isso não é inocência! Nos dias de hoje é negligência pura!".

A Rafaella conta que estava num show com seu filho quando uma desconhecida se aproximou e pediu a ela que tomasse conta de sua filha enquanto ela ia 'rapidinho' fazer alguma outra coisa lá. No final a dona ficou ausente cerca de vinte minutos.

Na verdade o incrível aqui não é apenas que foram longos vinte minutos e sim que essa mulher: (1) colocou sua filha sob a tutela de alguém que ela nem conhecia e que poderia muito bem sequestrá-la, estuprá-la, roubá-la para tráfico de órgãos, de crianças; e (2) nem se preocupou com os sentimentos da própria filha. Afinal, o quê se passa na cabeça de uma criança que é abandonada pelo responsável junto a um completo desconhecido? Eu me lembro até hoje da aflição que eu senti nas poucas vezes em que, por culpa minha, me perdi dos meus pais no Carrefour. É amedontrador! Eu me lembro nitidamento justamente por ter sido uma sensação tão intensa e negativa!

Pensando nisso me lembrei de um episódio.

Certo dia levei Isabel à APAE para refazer o teste do pezinho, como relatei aqui. Quando o bebê que estava à nossa frente na fila foi chamado, sua mãe o entregou à enfermeira dizendo, com uma cara aflita: "Ai, eu não vou [entrar na sala onde o teste seria feito] tá? Eu tenho aflição e dó de vê-lo sendo picado e chorando."

A enfermeira então levou o bebê, que tinha sete meses, e a mãe ficou aguardando na sala de espera. Não me contive. Cheguei perto da mulher e desatei a falar:

"Olha, desculpa eu me intrometer assim mas eu preciso te falar uma coisa. Eu sei que nós ficamos aflitas ao ver nossos bebês chorarem, sofrerem e sentirem dor. Mas a gente tem que ser forte e agüentar. Por dois motivos.

Primeiro porque a gente nunca sabe o que vai acontecer com eles lá dentro. Não estou falando que a APAE não seja idônea ou algo assim mas a gente vê tanta coisa na TV... enfermeira que dá o medicamento errado, que deixa o bebê cair da maca e quebrar a perna, médicos queimando membros dos bebês e em seguida tendo que amputá-los... A gente tem que ficar em cima, para ver bem o que estão fazendo. Tanto para prevenir que algo de ruim aconteça quanto para poder nos defender caso algo infelizmente ocorra.

Vou te dar um exemplo. Quando a Isabel tinha um mês e meio ela foi interada por causa de uma bronqueolite. Uma hora a enfermeira entrou no quarto e disse que ia dar o remédio da Isabel. Eu perguntei quantas gotas ela daria. Ela disse que seriam quinze. Questionei se não era uma dose muito alta para um bebê tão pequeno, já que geralmente a dose é de uma gota por quilo. Ela foi checar com a médica e então voltou se desculpando e dizendo que de fato eram só quatro! Imagina se eu não tivesse ficado em cima!?

Depois porque, para nossos bebês, nós somos seu porto-seguro! Ele vai ser levado por um estranho, para um lugar desconhecido, vai sentir dor, e não vai ter seu rosto familiar para tranqüilizá-lo!"

Nem preciso dizer que a tal mãe foi correndo lá na salinha onde seu filho ia fazer o teste, né!?

Mas é assim... não fiquei com dó dela apesar de saber que ela não tinha feito aquilo por mal. Porque depois que a gente vira mãe - e até antes disso, na verdade - a gente tem que começar a pensar um pouco mais nas coisas. A linha entre inocência e negligência nesses casos é muito tênue. Para não dizer inexistente.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Amor à... trigésima vista?

Grávidas e futuras-mamães: o dia do nascimento do seu bebê será o dia mais feliz de sua vida. Você será invadida por um sentimento de plenitude e realização, emoção e amor puro. Se apaixonará perdidamente pelo seu bebê assim que o vir, à primeira vista!

Opa... peraí? Alguém mais tá ouvindo isso? Parece que alguém tá gritando: "Não é bem assim! Não é bem assim!"

Se essa pessoa for uma moça liiiinda, de uns 24 anos, é bem provável que seja eu!

O dia do nascimento da Isabel foi sem dúvida o dia mais emocionante da minha vida. Se eu pudesse revivier um só dia da minha existência, seria ele, com certeza! Mas as coisas também não foram um conto-de-fadas. Não estou reclamando. Amei tudo, tenho e tive muita sorte. Mas engana-se quem pensa que me apaixonei perdidamente pela minha filha no instante em que a vi.

"Nossa! Que mãe desnaturada, sem coração!", você pensa.

Engano seu.

Eu sou uma mãe fora de série. E o digo assim, sem pudor, com todas as letras, porque eu sei disso. Ninguém precisa me contar. E ainda assim eu confesso: Não me apaixonei por ela à primeira vista. E escrevo este post porque desconfio, no íntimo do meu ser, que seja assim com to-das as mães.

Essa constatação, ainda na maternidade, não me surpreendeu graças a dois artigo do meu querido BabyCenter que eu havia lido quando ainda estava grávida: este e este em especial. Uma parte desse segundo artigo ecoou na minha memória:

"Por mais fofo que o bebê seja, ele é uma outra pessoa, a quem você vai precisar se acostumar. Não há como se forçar a amá-lo imediatamente. Não existe uma fórmula mágica. Os laços afetivos entre pais e filho vão surgindo a partir dos cuidados do dia-a-dia, da convivência.

Com o tempo, você vai começar a conhecer o bebê, a saber o que o tranquiliza e a gostar de passar tempo com ele. E assim sua relação e seus sentimentos vão se aprofundar. Então, um belo dia -- talvez quando você vir o primeiro sorriso --, você olha para seu filho e percebe que está absolutamente dominada pelo amor e pela alegria de tê-lo com você."
E assim foi. Isabel nasceu. É claro que eu a amei desde o segundo em que a vi. Aliás, eu já a amava muito antes disso. Durante toda a gravidez. Não, acho que até antes disso! Quando ela ainda era um sonho distante, quando eu ainda sonhava com o dia em que me tornaria mãe mas sabia que esse dia estava bem longe.

Mas é diferente quando a criança nasce.

É claro que eu queria o bem dela. Queria que ela sobrevivesse, que ninguém lhe fizesse mal. Que ela estivesse confortável, bem alimentada, descansada, sentindo-se acolhida. Mas era muito diferente do sentimento que tenho por ela hoje. Eu a olhava e apesar da sensação surreal de saber que aquela era a minha filha, finalmente, ela me parecia como tantos outros bebês que já vi e verei na minha vida.

Mas por sorte eu havia lido o tal artigo do BabyCenter. E me lembrei dele. E me tranquilizei. E tive calma. E paciência. E fui deixando as coisas rolarem. E o amor florescendo, como uma rosa cuja semente já havia sido plantada muito antes mas que só agora se abria para meus olhos.

O amor pelos nossos filhos vai se contruindo com o tempo. Por isso dizemos sempre que os amamos hoje mais do que ontem e menos do que amanhã. Vai se expandindo na convivência, no cotidiano. Quando um filho nasce ele é um estranho para nós. É nosso filho, mas não deixa de ser um desconhecido. E ao conhecê-lo vamos nos dando conta do que sentimos por ele. Cada nova conquista, cada nova descoberta, ação, atitude vai nos revelando um pouqinho mais sobre aquele ser. E mostrando-nos que ele é de fato único e insubstituível. E é assim também para eles. Vão construindo seu amor por nós.

Me lembro nitidamente do dia em que percebi que Isabel já não era mais uma desconhecida para mim. No começo ela tinha dificuldade para mamar. Era muito fraquinha e se cansava fácil. Nem bem começava já adormecia no peito. Para acordá-la eu às vezes usava uma tática que eu havia descoberto sem querer: eu respirava fundo. Com o movimento da minha respiração ela acordava e se punha prontamente a mamar. Aí uma bela madurgada, amamentando, eu, sem pensar, respirei fundo. E desta vez me veio a lembrança de um tempo longínquo em que eu o fazia como tática para acordar a um bebê que eu mal conhecia. E me dei conta de que Isabel já não era mais uma estranha para mim. Ela me era muito familiar.

De vez em quando me pego admirando a Isabel. Pensando que ela me mostrou um amor que eu desconhecia. É admiração no sentido mais puro da palavra. É uma paixão arrebatadora. Mas não foi sempre assim.

Nas semanas seguintes ao nascimento da minha filha eu entrei numa fase muito melancólica. Falarei sobre isso noutra oportunidade. Cheguei a me perguntar se era uma depressão pós-parto. Mas entendi que era meramente um 'baby blues'. Aquela tristeza natural pós-parto sobre a qual eu já havia sido alertada por minhas irmãs e que passaria com o tempo, como de fato passou. E o que me ajudou a distinguir entre as duas coisas foi o fato de eu, apesar de ainda não estar perdidamente apaixonada pela minha filha, não a estar rejeitando. Eu só precisava de tempo. E ela também. E nos permitimos nos dar esse tempo. Sem nóias. E tudo fluiu.


 

sábado, 22 de outubro de 2011

É Só Uma Pausa...

Como diria minha querida Laurinha do delicioso blog de culinária P.I.T.A.D.I.N.H.A.S., "é só uma pausa... descansar para crescer. Volto assim que recarregar!".

Eu só espero recarregar logo pois a Laurinha, passados mais de dois anos, ainda está 'recarregando', rs.


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Do Virtual para o Real

Sexta-feira Isa e eu tivemos o prazer de conhecer o Lorenzo, sua mamãe a Dani e o seu pai o Sr. Marido, rs.

Eles estavam de passagem por São Paulo e nos encontramos então no Parque do Ibirapuera.

Os pais, súper gente-fina como já era de se esperar. Mas quem roubou a cena foi o Lorenzo. Muito mais branquinho do que eu imaginava - e olha que a Dani já tinha avisado que ele era branquinho. Antes a Isa era meu chocolate branco. Agora ela é meu chocolate marfim. O posto de chocolate branco fica para o Lorenzo!

Tão bonitinho - ficava de quatro e daí colocava o peso todo nos pés, como se fosse fazer flexões! Jamais vi um bebê fazer isso, tem que ter muita força! E também se apoiava num joelho só, numa mão só... Uma fofura! E pude também testemunhar um de seus gritinhos para lá de estridentes. Agora eu sei do que a Dani estava falando.

A Isa por sua vez continuou lá toda preguiçozinha. Nem parece filha do pai dela - da mãe sim, hehehehehe. Ficou tentando pegar o pé batatudinho e a mãozinha do Lorenzo. Acho que tava afim de um autêntico churrasquinho gaúcho!

Pena eu ter chegado tão atrasada... pois é. No mais foi súper legal conhecê-los. Meu primeiro encontro blogueiro, rs!


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Assistência Técnica para Bombas Tira-Leite em SP

Dia desses minha amada bombinha tira-leite elétrica, do modelo Swing, da Medela, resolveu dar pau. Simplesmente não ligava. E eu conto com ela para estimular e manter a produção de leite num nível adequado para a Isabel - já não sou mais doadora, snif, snif - pois trabalho fora e tal.

Nossa bomba - sim, 'nossa' pois pertence a mim e às minhas irmãs - já tem aí uns três anos. Foi e é bastante usada. Achei que pudesse ser pelo desgaste natural, as quedas - já caiu no chão algumas vezes - ou algo assim.

Enfim.

Aí toca eu, no maior desespero, procurar alguém para arrumá-la. No mesmo dia fucei no Google, fiz uns telefonemas, peguei o carro e fui atrás. Consegui resolver o problema e ela está funcionando bem, ainda bem.

Fizeram orçamento e o problema era na fonte (aquela parte que encaixamos na tomada). Estava queimada. A suspeita é de que tenha sido colocada numa tomada 220V. Não me lembro de ter feito isso mas tudo bem.

Uma original da Medela custava R$ 100,00 - R$ 150,00, dependendo de onde você fosse comprar. Mas eu podia também adquirir um modelo simples bivolt, que não fosse original da Medela, por apenas R$ 35,00. Que fazia o mesmo serviço. Mas por bem menos. Advinhem com qual fiquei?




...

Então para quem mora em São Paulo, capital, aqui estão os contatos. Eles fazem avaliação e orçamento sem compromisso e também arrumam - bombas quebradas, com pouca sucção, etc. - e em alguns casos comercializam as peças (Cantinho da Mamãe por exemplo).

  • Eduardo Júnior (é o técnico que presta assistência para o Cantinho da Mamãe):
(00-xx-11) 8166-8610
(00-xx-11) 5677-7988

  • Equipamed (empresa de equipamentos médicos, aparentemente a única representante da Medela em São Paulo pois eles não têm escritório próprio por aqui):
(00-xx-11) 5563-9955
Ramal 189, tratar com Regiane

Rua Alto do Bonfim, 162
Vila Santa Catarina



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Blogs

De vez em quando acho que dá uma pane no Blogger e não consigo acessar o de ninguém, nem o meu. Acontece com mais alguém?

Mas na verdade passei aqui para deixar um recado. Algumas vezes quero comentar num blog e não consigo. Sei lá. Eu escrevo e aperto "Enviar" mas a mensagem não aparece. Tento comentar como anônima, como não-sei-o-quê mas não dá certo.

Já aconteceu com o blog da Adri Santos e agora com o da Viv.

Se puderem verificar o quê está acontecendo eu, e um monte de gente que quer comentar mas não consegue, agradece.

Ah, e tem mais! Por favor tirem aquela palavrinha que a gente tem que digitar para comprovar que não somos SPAM. É uma perda de tempo! Sério! A Larissa tirou depois que eu pedi (obrigada!) e facilitou muito nossa vida!

P.S. Um monte de post pela metade a caminho... só não sei quando, rs!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Influência de Mãe

Inspirado nos posts da Pat e da Dani e também em acontecimentos do dia-a-dia.

...

Outro dia estava eu a conversar com uma aluna particular de dezesseis anos. Ela é toda exótica. Diferente. Num dia está vestida num estilo gótico. No outro, roqueiro. No outro, patricinha. E todos os alunos a consideram 'estranha'. De fato ela destoa dos demais. Mas desde que comecei a dar aulas para ela descobri um ser humano incompreendido. Uma garota afável e que como qualquer adolescente - ou adulto, por quê não? - está ainda procurando se encontrar, descobrir quem é e o quê quer ser.

Conversávamos acerca de carreiras e a dificuldade da escolha, e por fim chegamos ao tópico da influência dos pais sobre a mesma. Me confessou que procura ser boa aluna para tentar obter a aprovação da mãe e, quase lacrimejando, me disse que vez ou outra é obrigada a trocar de roupa antes de sair de casa sob alegações da mãe de que "as pessoas na rua vão pensar que você é lésbica!".

Não vou comentar o absurdo de uma afirmação dessa, principalmente vindo de uma mãe, porque não é o foco do post. Mas o que mais me tocou - fora o absurdo da afirmação! - foi o fato de esta garota se importar com o que a mãe pensa dela. Sinceramente. Se você olha para ela você vê uma rebelde. É a última das minhas alunas que eu pensei que se importaria com o que a mãe diz!

E aí eu me lembro de uma reportagem no Fantástico uns tempos atrás. Era uma daquelas pesquisas instantâneas por telefone: os telespectadores ligam e votam. A pergunta em pauta era dirigida às adolescentes: "Qual sua maior influência?" (não eram exatamente essas as palavras mas era essa a idéia).

Nas categorias disponíveis figuravam amigas, modelos, cantoras, atrizes, escritoras, comerciais, etc. E sabe quem ficou em primeiro lugar?

Pois é.

Ela. A mãe.

E aí comecei a pensar na minha própria mãe e no quanto ela me influenciou e me influencia. Querendo ou 'sem querer querendo'. Foi bastante iluminador ponderar sobre o assunto.

Não trarei aqui todas as minhas reflexões mas trago algumas pertinentes à maternidade.

Eu sempre, sempre, sempre quis ter parto normal, com o mínimo de intervenções. E aí me dei conta de que isso se deve à influência da minha mãe - fora algumas características da minha personalidade. Ela fez três cesáreas não-eletivas e freqüentemente discorria sobre o quanto o parto normal era melhor, sobre a cicatriz da cesárea, o doloroso pós-parto / pós operatório, etc.

Também minha mãe parou de trabalhar quando minha irmã mais velha nasceu para poder cuidar melhor dela. Só que o que era para ser um breve hiato na sua carreira como arquiteta apaixonada pelo ofício se tornou um abandono perene. Ela jamais retomou a profissão. Nem qualquer outra. Ela simplesmente nunca mais trabalhou na vida. E sempre falou disso com ressentimento - embora tenha sido uma opção dela.

Ela nos dizia que tínhamos que ser mães sim. Mas que tínhamos que contratar uma boa babá para nos ajudar. A babá não deveria tomar nosso lugar como mãe. Tínhamos que ser sim a mãe dos nossos filhos. Mas uma babá para nos ajudar era imprescindível - ela mesma nunca quis contratar uma apesar de ter condições para tanto. Nunca gostou de delegar os cuidados com a gente, em parte por medo de nos deixar nas mãos de estranhos.

Ao mesmo tempo tínhamos que continuar trabalhando. Tínhamos que ter uma profissão brilhante. Ganhar nosso próprio dinheiro para não depender de marido nenhum. Sermos valorizadas e termos sempre um 'assunto diferente' para trazer para casa. Fazermos amizades e mantermos interesses e projetos pessoais. Não nos tornarmos mulheres 'cri-cri' (que só falam de CRIanças e CRIados).

E aqui percebe-se o porquê dessa posição dela. Ela certamente se sentia diminuida por não ter uma renda própria. Por depender financeiramente do meu pai. Por não ter outro assunto para falar com ele senão aqueles que nos tocavam a nós filhas. E ela seguramente sentia que tinha abdicado de sonhos, da sua realização profissional e pessoal para cuidar de nós e da casa. Para 'ajudar' meu pai a ser o profissional que ele se tornou.

E toda essa postura, esses pensamentos, advinhem? Sim, me influenciaram e me influenciam até hoje. Apesar de a minha vida ser diferente da dela. Ela se encontrava em uma situação onde tinha uma condição financeira e sentimental bem diferente da minha. Hoje meus pais são separados. Só que tudo isso não importa. A influência do discurso dela é mais forte.

Eu não tenho condições de parar de trabalhar. Mas, quando leio posts sobre o assunto como este, da Mari, paro e penso: " Se eu pudesse, eu iria querer parar de trabalhar?". Acho que talvez de uma pausa de um ano e meio mais ou menos eu gostaria. Mais do que isso não sei. E fico pensando: "Será que não é influência da minha mãe?"

E essa tem sido uma das perguntas que eu mais tenho me feito ultimamente. Parando e tentando ver até que ponto eu sou apenas uma extensão dela - de suas opiniões, seus preconceitos, seus medos, seus anseios - e até que ponto eu sou eu. Digo isso porque minha mãe foi a figura mais importante na minha vida até o meu marido entrar em cena. Meu pai trabalhava e minha mãe era quem cuidava de nós. Óbvio que todos somos uma mistura de influências - da mãe, do pai, do irmão, do patrão, de gente que a gente admira e de outros que nem tanto. Uma mistura dessas influências com a nossa personalidade, nosso espírito e nossa mente. Mas é inegável o impacto de uma mãe numa filha.

E quando me canso de me questionar sobre o tema me vem outra preocupação na cabeça. Ontem mesmo eu estava dando comida para a Isabel. Ela esticou o bracinho como que tentando meter a mãozinha no prato de bananinha amassada. Mas antes parou. Me fitou. Procurou aprovação. E só então, quando esta foi obtida, ela se permitiu se lambuzar toda de papinha.

Que tipo de influência eu vou passar para ela ao longo de sua vida? É melhor eu me pré-ocupar com esse assunto pois certamente ela não sera delével.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Para as Mães dos Prematuros

Pode ser notícia velha. Se for, perdoem-me.

Por via das dúvidas...

...

Você sabia que os prematuros devem refazer o teste do pezinho após 120 dias de vida, ou seja, aproximadamente quatro meses?

Eles têm que fazer o teste no terceiro dia de vida, como é de praxe, e então tornar a fazê-lo depois do prazo citado acima. Isso porque como nasceram prematuros ainda não têm todo o organismo desenvolvido e o exame pode apresentar resultados distorcidos, como falsos positivos ou falsos negativos.

Aqui em São Paulo sei que para refazê-lo é possível ir à APAE que fica na Rua Loefgren, 2109, na Vila Clementino. Não é necessário agendar a coleta e ela é realizada gratuitamente. Os resultados são enviados para sua casa em cerca de dez dias úteis e devem ser mostrados ao pediatra na consulta seguinte ou, no caso de haver alguma alteração aparente, o mais rápido possível. Mais informações no site da APAE.


Porque não tem coisa mais fofa do que pezinho de bebê!

No caso da Isabel eu me esqueci de refazê-lo. É... pois é... mãe esquecida - para não dizer outra coisa! Aí quando minha sobrinha - que também nasceu prematura e fez quatro meses dia 17 de setembro - foi fazê-lo pela segunda vez, me lembrei! Minha irmã perguntou se a Isabel, com oito meses já completos poderia fazer o teste e a resposta foi: "Pode não! Deve!".

No dia seguinte lá fomos nós...

Foi rápido mas não indolor. Isabel chorou muito. A moça teve que furá-la umas quatro vezes pois não saía sangue o suficiente. Deu muita dó. Mas eu estava lá para ela. E logo logo ela estava toda serelepe. E eu com um peso a menos na minha obesa consciência de mãe.

Fica aí então a dica. Mesmo que seu bebê que nasceu prematuro já tenha passado dos quatro meses é necessário refazer o exame. Para a Isa foi porque o exame de hemoglobinas teve que esperar seu organismo amadurecer - mesmo ela sendo prematura por apenas algumas horas. Não sei se é sempre esse exame que requer uma nova avaliação ou se foi no caso dela isolado. Mas é muito importante refazê-lo, viu! (Diz a mãe relapsa aqui...). Ele detecta doenças sérias que precisam ser tratadas com urgência.

Fica aí então o lembrete! Para que outras mães não se esqueçam como eu me esqueci!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Papo de Criança ... ou... A Lesma do Vizinho!

No começo não percebemos o problema que lentamente se arrasta em nossa direção e se instala em nossas casas. Como uma lesma do jardim do vizinho cuja aproximação notamos mas que, por sabermos que tardará em chegar, ignoramos. (Ou será que só na minha vizinhança as malditas são uma peste!?).

Só que aí quando formos ver, já é tarde demais. Ou pelo menos muito tarde.

Estou falando daquele linguajar que os pais usam com seus filhos quando estes estão balbuciando as primeiras palavras.

O leite é o 'mamá', a comida é a 'papinha', dormir é 'nanar', 'eu' vira 'o papai / a mamãe', doer é 'fazer dodói' e por aí vai.

Usamos essas palavras porque elas são fáceis para a criança assimilar e repetir. Encorajam e estimulam a fala deles. Até aí tudo bem. Mas aí nos esquecemos de, à medida que eles crescem, fazermos nossa própria versão caseira da reforma ortográfica - ou pelo menos, se não ortográfica, uma reforma no linguajar que usamos com nossos filhos.

E nos pegamos diante de um problemão quando vemos cenas como as duas descritas a seguir, ambas presenciadas por mim:

(1) Meu sobrinho de quase três anos, no parquinho, se vira para dois garotos de uns doze anos (ele é bem 'dado' mesmo, rs) e avisa, todo feliz: "A gente (nossa família) vai papá!" (naquele estilo bem paulista de falar, comendo o 'r' dos verbos).

Os garotos se entreolham e tirram sarro: "A gente vai papá! Hahaha!". Acho que foi a primeira vez que vi um dos meus sobrinhos sendo 'bullied'. E não gostei. Nem um pouco. Mas percebi que a culpa é nossa.

(2) Uma aluna de uma colega de trabalho minha, de três anos, falando: "É qui a xente vai papá tchudinho e daí a xente vai fazê naninha!". Explicação: o pai dela fala com ela assim, nesse linguajar, com voz de bebê.

E tem ainda aquele vício de se referir a si mesmo sempre na terceira pessoa. Em vez de dizer: "Eu quero!", dizem "A Milena / Maria / Amanda quer!". Isso provém do hábito dos pais de se referirem a si mesmos na terceira pessoa para que os filhos aprendam a chamá-los de 'papai' ou 'mamãe': "A mamãe te ama, viu!?". E também de postergar a introdução do conceito do 'eu e você' por achar que é muita areia pro caminhãozinho deles.

Pode até ser no começo. Mas uma criança de dois anos já tem que ser exposta a esse tipo de idéia justamente para começar a assimilá-la! Não estamos falando de algebra ou geometria, física quântica. É relativamente simples. Se nunca lhes ensinarmos eles nunca vão aprender. E vão continuar sendo 'bullied'! Como professora de línguas que se interessa muito pelo assunto eu digo: criança aprende muito rápido. Com o tempo eles pegam o jeito.

Mas não será tão fácil se o vício da terceira pessoa, ou do vocabulário pueril, já tiver se instalado. Como uma lesma do vizinho no seu jardim, que já até descobriu uma plantinha para chamar de sua... :-(

terça-feira, 20 de setembro de 2011

As Mentiras que os Pais Contam...

Não me lembro exatamente quando, mas ainda adolescente decidi que não iria contar para meus filhos essas mentirinhas aparentemente inocentes que os pais geralmente lhes contam.

Coisas do tipo "se você não comer tudo vou te colocar lá no quartinho escuro onde moram as baratinhas", ou "o bicho-papão vai te pegar se você não fizer isto, isso e aquilo", e etc.

No meu caso, um dos meus maiores traumas de infância se deve à famigerada história do 'homem do saco preto'. Para quem não conhece, era... bom, um homem, que carregava um saco preto onde colocava as criancinhas que roubava pois haviam se aventurado longe de seus pais em passeios, conversavam com estranhos, etc.

O resultado? Uma garotinha melindrada, medrosa, e que mantinha distância dos garis - afinal, para a minha mente de criança, eram eles os homens do saco preto! Pois é... durante um bom tempo tive medo deles. Medo este que por vezes as pessoas confundiam com preconceito mas minha pureza de criança não permitia esse tipo de sentimento.

Eu entendo a idéia. Assustar a criança para evitar que ela tenha um comportamento que possa lhe ser prejudicial, como por exemplo cair na lábia de um pedófilo ou coisa assim.

Mas por quê não sermos mais francos? Não estou falando de explicar tintim por tintim para nossos filhos sobre o que é a pedofilia, o quê eles fazem e tal. Óbvio  que não. Mas na minha cabeça poderíamos ser mais sinceros: "Olha filha, se você ficar muito longe de mim no supermercado, nós podemos nos perder uma da outra. E daí pode vir uma pessoa malvada e te levar embora. Então fica por perto, ok?".

A criança vai ficar assustada sim. Mas não será um medo fundado em mentiras, em fantasias, em realidades que não são. Ela estará se abrindo para a realidade - dentro do que lhe é possível compreender tendo em vista sua condição de criança.

Por vezes presenciei minhas irmãs contando tais mentirinhas para meus sobrinhos. Relutei em palpitar pois como mãe bem sei como isso é chato. Mas não resisti. Se quero o bem deles tanto quanto quero o bem da Isabel eu tenho que pelo menos expôr minha opinião. Falei. Elas não gostaram muito mas enfim concordaram. E têm procurado evitar esse tipo de atitude.

Nem sempre é fácil. É bem tentador entrar no mundo da fantasia das crianças e usá-lo a nosso favor. Mas, embora eu acredite sim que toda infância necessite de fantasia, criatividade e imaginação, prefiro deixar essa parte por conta dos contos-de-fada e histórias desse gênero. Sei que há quem até disso discorde mas não é meu caso.

Só não me perguntem sobre minha opinião no tocante ao bom velhinho pois ainda não tenho uma postura definida a respeito disso!

P.S. Se alguém estiver estranhando o post às quatro e pouco da manhã, não estranhe! É que ultimamente a Isabel não tem dormido bem. E aí, quando meu sono já se perdeu definitivamente ela finalmente adormece. E então ficamos eu e minha insônia. Até fiz umas perguntas ao pediatra do blog da Paloma a respeito disso. Vamos ver o que ele diz.


domingo, 18 de setembro de 2011

Tudo Sobre a AMAMENTAÇÃO num só Post!

Como as coisas são engraçadas, não? Eu aqui, enrolado, protelando, procrastinando, postergando - gostaram? rs - para escrever meus posts sobre amamentação porque quero que eles saiam perfeitos, com todas as informações e detalhes que eu julgo relevante - e isso toma tempo! - e me pego escrevendo um resumão de tudo em resposta a uma desesperada mãe de um recém-nascido neste blog: http://somos3agora.blogspot.com/2011/09/amamentacao-parte-2.html

Resolvi então postar a resposta! O que não significa que deixarei de postar meus detalhados posts mais tarde...

Beijos!

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Vamos lá.

Também passei por isso.

A Isa mamava uns 5 minutos daí dormia. E mamava de uma em uma hora de dia e de duas em duas horas de noite. Eu tinha que ficar acordando-a DURANTE a mamada para ela mamar. Era muito chato, especialmente quando eu também estava com sono. Mexia nos pezinhos, nos queixo, tirava um pouquinho da roupa dela... enfim.

Quanto ao peito eu o preparei bem durante a gestação esfregando bucha vegetal. Escrevi um post sobre isso no blog se você quiser saber mais, mas agora que ele já nasceu acho que isso só iria te machucar ainda mais.

Você tem que ver se a pega está correta - o bebê abocanhar não só o bico mas o máximo da auréola que ele conseguir. O queixo e o nariz dele devem encostar no teu seio e os lábios devem estar de preferência virados para fora. Você vai ter que ajeitar bem seu peito quando for introduzi-lo na boca de seu filho.

Pergunte ao seu obsetra se ele recomenda alguma pomada que não seja necessário lavar o peito para tirá-la antes de dar de mamar. São os dois peitos que dóem? Se for só um dê o outro e tira você mesma o leite do que dói. Se o leite estiver empedrando em alguma parte ou se você tiver um ducto entupido, vai doer mesmo! Para desempedrar tem que fazer massagem na parte empedrada e tirar o leite. A massagem 'dissolve' os nódulos de leite. Se você tiver uma bolinha branca no bico é ducto entupido. Experimente esfregar uma toalha ou furar levemente com uma agulha esterlizada para liberar o ducto (o que 'entope' é pele então você tem que tirá-la).

Quanto à produção de leite, se estiver sendo pouca - você não disse mas já vou me adiantando - experimenta usar uma bombinha tira-leite assim: depois que ele mamou, você coloca a bombinha 15 minutos em cada seio, depois de cada mamada. Mesmo que não saia leite. O corpo vai entender essa sucção como sendo o bebê querendo mais leite e com o tempo - em até 10 dias, mas costuma ser antes - você vai notar um aumento na produção. Se não tiver condições de comprar uma bombinha pois são caras, tente convencer outra mulher / mãe que você conheça que possa se interessar em comprar com você. Vocês dividem o preço e a bombinha. Não tem problema dividir com outra pessoa, é só esterilizá-la antes e depois de cada uso, conforme as instruções do fabricante. Ou então você pode alugar uma. No site do Cantinho da Mamãe eu sei que eles alugam. Ou você pode comprar um tira-leite manual, tem vários tipos disponíveis e não são caros. Ou tirar na mão mesmo. Vai no site da rede de bancos de leite nacional, acho que é www.rblh... (alguma coisa, rs) que eles explicam como fazer a ordenha manual.

Quanto aos intervalos entre as mamadas serem curtos, no começo é assim mesmo. A idéia de que bebê mama de 3 em 3 horas já foi por água abaixo. O melhor é a livre demanda - quando o bebê quiser ele mama. Com o tempo - uns 3, 4 meses, você deve notar que os intervalos aumentam bastante até chegar a umas 4 horas.

Outra coisa, o bebê nem sempre chora por fome. A Isabel SEMPRE pára de chorar quando a coloco no peito - ela está com 8 meses - mas isso não é que ela estava com fome. É que o peito dá conforto e aconchego, o que alivia qualquer dor ou desconforto.

Eu dei chupeta pra a Isa quando ela tinha um mês porque a necessidade deles de sucção é muito grande, mesmo quando já estão saciados, e eu estava cansada de ficar sempre com ela no peito.

Conseguimos a amamentação exclusiva até os seis meses e graças a Deus a Isabel ainda mama no peito. Mas quando minha licença terminou, quando ela tinha quatro meses e meio, foi para a escolinha. Lá ela toma meu leite congelado mas na mamadeira. A mamadeira pode ser uma opção enquanto seus seios se recuperam. Você tira seu leite e oferece na mamadeira. A da Dr.Brown é uma das melhores pois o bebê precisa fazer bastatne força para sugá-la o que dificulta que ele acabe preferindo a mamadeira ao peito. E aí, quando seus seios estiverem melhroes você tira a mamadeira de cena.

Eu sempre fiz muito carinho na Isa, dei muito amor enquanto ela mamava, para que ela não largasse o peito em preferência à mamadeira. Porque para eles mamar no peito é mais do que só se alimentar. É também fonte de amor e carinho.

Bom, eu sei como tudo isso é difícil. No meu caso aliado a tudo isso teve o fato de a Isa ser prematura e abaixo do peso e não ganhar peso e o pediatra ficar 'ameaçando' entrar com complemento. Mas deu tudo certo.

Persevere, se informe e tente tudo que for possível que você conseguirá. Qualquer pergunta estou lá no blog.

Beijos e boa sorte!

Silvia

Ah, e passar o próprio leite no bico do seio, antes e depois da mamada ajuda a cicatrizá-lo. Ele tem alto poder cicatrizante.

Depois da mamada você passa, espera secar, e só então veste o sutiã.

Tou lendo os comentários aqui e lembrei destas coisas:

Para a Isa acordar eu também trocava a fralda dela no meio da mamada.

Usei também essas conchas no peito que coletam o excesso de leite e evitam atrito no bico, o que ajuda a cicatrizá-lo.

Procurei um banco de leite num hostpial público e fui muito bem atendida.

Experimentei posições novas para amamentar.

Eu cronometrava as mamadas - eu só tirava a Isabel do peito depois que ela tivesse passado 15 minutos efetivamente mamando de fato, para ela ganhar peso. Isso significava às vezes uma hora sentada lá, deixando ela descansar um pouco pois eles também se cansam muito no começo porque é um baita esforço então por isso às vezes mamam pouco e daí logo em seguida querer mamar mais.

A história do mamão nunca tentei mas dizem que o mamão tem mesmo um alto poder cicatrizante na pele - só que seu leite também tem.

Isso do leite ter duas fases é verdade. Quando o leite começa a sair ele é mais ralo, mais transparente, mais aguado e menos calórico. É o tal leite anterior. O leite posterior, que começa a sair depois, é mais branquinho, mais gorduroso. Ele deixa o bebê mais satisfeito e ajuda a ganhar peso. Você pode mesmo tentar a técnica posterior - tirar um pouco do seu leite antes de oferecer a mama, para que seu filho chegue antes ao leite posterior e se satisfaça melhor.

Eu também só oferecia um peito por mamada. Assim a Isa esvaziava melhor aquele peito. Ela não mamava tudo e eu doava o que sobrava mas ela mamava mais do leite posterior e esvaziar o peito é importante para manter a produção boa. Na maternidade tentei os '15 minutos em cada peito' e não deu certo. Na única vez em que a Isa mamou 15 minutos num peito, quando fui trocar de peito ela não quis o outro e eu me arrependi de ter tirado ela do primeiro.

Ah, desculpa, só agora li seu primeiro post dizendo que você tem bastante leite.

É, tirar o excesso ajuda a amolecer o seio o que facilita muito a vida do bebê.

O choro pode ser de cólica / gases, ou refluxo - especialmente se ele mamar demais... qualquer outra coisa, mas daí já é outro assunto, rs. Pode dar remédio para cólica / gases, fazer massagem - existem mil técnicas, dar banho quentinho, colocar bolsa de água quente, funchicória (eu só dei uma vez porque daí me toquei que ela iria encher a barriga de funchicória e não querer leite e eu não queria isso), remédio para refluxo, deixar de bruços nos seus braços, coloca rpara arrotar.

Enfim... eu tentei tudo isso e o que posso dizer é que tudo ajuda, mas nada resolve! O melhor remédio é muita paciência e amor! Vai passar. E permita-se se senitr cansada às vezes, querer jogar tudo para o alto, querer 'desligar' o bebê... toda mulher sente isso, mas poucas comentam!

O que posso te dizer é que é assim mesmo. MUITO DIFÍCIL. Mas no começo! Com um, dois meses já melhora muito. E com uns quatro já é outra coisa. A gente fica exausta. Não tem energia para nada. A casa fica de pernas para o ar, nós também, marido fica no friogífico - não é nem na geladeira, rs - mas é assim. Só que passa! E vai passar. Aí você vai olhar e vai achar que até que passou rápoido, rs!

P.S. Tou te zuando de boa porque sei que na hora parece que dura uma eternidade!

E aí um dia, quando seu bebê tiver oito meses, você vai se levantar do PC, olhar seu bebê dormindo no berço e pensar: "Putz... não é que valeu a pena!?".

:-)
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Acho que aí tem quase tudo que eu queria falar para vocês!

Ah não, tem mais umas otras cositas más. Que falarei nos meus amados posts sobre amamentação, bem detalhados, com fotos e desenhos, e links e tal! hehe. Beijos!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sobre as Licenças e os Direitos da Mãe-Trabalhadora

Falei no post anterior sobre a licença-amamentação e hoje me lembrei de outra coisa, que também é fato desconhecido para muitas mulheres:

A mulher que for registrada tem, até seu bebê completar seis meses, direito a (que eu saiba) dois períodos de meia hora para amamentá-lo durante cada jornada / dia de trabalho, além do horário de almoço normal, sem que nada seja descontado do seu holerite. Ou seja, se seu empregador estiver te 'permitindo' sair para amamentar seu bebê rapidinho, umas duas vezes por dia, não pense que ele está sendo bonzinho e que você lhe deve algo! Ele está apenas cumprindo sua obrigação - o que não é nada demais mas nos dias de hoje já é algo raro!

Eu só não estou certa de uma  coisa e se alguém souber gostaria muito que me esclarecesse. Vou procurar me informar e quando tiver a resposta atualizo o post mas por enquanto fica a dúvida:

Não sei se a mãe que, por questões de logística, não tem como usar esses períodos para amamentar o bebê de fato, pode usá-los para extrair / ordenhar seu leite. Eu acredito que sim, afinal, a finalidade é, além de aliviar as mamas, manter a produção de leite e ter leite armazenado para o bebê mamar enquanto a mãe está trabalhando. Assim, o objetivo final, tanto ao amamentar o bebê de fato quanto ao extrair o leite é o mesmo - manter a amamentação. Se a empresa não estiver permitindo à mãe usar os períodos para extrair o leite, é bom ir procurar um aconselhamento legal pois estou quase certa de que ela tem sim que permitir.
Minha irmã optou por só tirar um período de meia hora para extrair seu leite - fora o horário de almoço - e usou seu outro período de meia-hora para sair mais cedo do trabalho e ir buscar seu filho mais cedo na escolinha, sem penar no trânsito. Sim, a empresa é obrigada a permitir, afinal, quem escolhe quando vai tirar os períodos de meia-hora é a mãe!

Dei uma pesquisada - rápida, pois estou indo dormir, hehe - e encontrei isto, no site do Ministério do Trabalho, mas que acaba não esclarecendo muito minha dúvida. Vejam bem que eles mencionam apenas "descansos especiais", não especificam quantos. Que eu saiba são só dois mas, de novo, vale a pena investigar. Eu não sei direito porque sou horista - ganho por hora - então meu esquema é um pouco diferente.



Ao retornar ao trabalho, após a licença-maternidade, que direito assiste à mulher?

Até o filho completar 6 meses de idade, assiste à mulher, durante a jornada de trabalho, o direito a descanso especiais, de meia hora cada, destinados à amamentação do filho.
Pela minha lógica, eles pensam assim: A mulher dá de mamar às 6:00 e vai trabalhar. Daí às 9:00 - três horas depois, para vocês verem como essa idéia (falsa) de que bebê tem que mamar de três em três horas está bem enrustida - ela tira uma meia hora para amamentá-lo. Lá pelo meio-dia ela almoça - hípermegasúper rápido - e aproveita a hora de almoço para amamentar seu filho de novo. Três horas mais tarde, lá pelas 15:00 ela tira mais um período de meia hora para dar de mamar e finalmente umas 18:00 ela está em casa, linda e formosa, amamentando sua cria.

Tem lógica, não tem?

Mas quantas mães não têm que sair para trabalhar antes das 6:00? Eu me incluo nessa categoria. Nos dias em que tenho que ir trabalhar eu deixo a Isabel na escolinha às 6:00! Sem falar nas que ainda não chegaram em casa às 18:00. Às segundas e quartas eu chego a essa hora e nos demais dias tenho a tarde livre, mas tem muita mãe que só vai conseguir estar em casa lá pelas 19:00, 20:00... TO-DOS OS DIAS! Outras mães saem ainda mais cedo e chegam ainda mais tarde pois tem dois, três empregos. A maioria das pessoas não trabalha num escritório das 08:00 às 17:00! Sem falar nas horas gastas no trânsito, no 'almoço' inexistente - afinal, a hora do almoço é a hora de comer algo bem rápido e resolver os pepinos da vida: ir ao banco, comprar algo e etc. e tal. É muito complicado para a maioria das mães trabalhadoras conciliar tudo. E o governo não ajuda nem um pouco.

Da minha parte posso dizer que não só isso mas é muito difícil manter a produção de leite quando se está trabalhando. E não é só porque a criança já completou seis meses que a mãe deve ter seu direito aos tais períodos de meia-hora abortados! Afinal, não é o próprio governo que recomenda a amamentação "até os dois anos ou mais"!?
Outra coisa é que como eu disse, existe a licença-amamentação que possibilita à mãe que amamenta ter quatro meses e meio de licença no total. A lógica dos governantes - óbvio que é especulação minha mas acompanhem como tem sentido - é de que somado a isso a mulher pode tirar o um mês de férias a que ela tem direito e estender a licença até os cinco meses e meio. Assim, ela voltaria ao trabalho 'apenas' duas semanas antes de o bebê completar os seis meses, o que, imagino eu, eles julgam 'bom o suficiente'.
Só que de novo, além de deshumano, isso é generalizar e simplificar algo que não pode e nem deve ser generalizado e simplificado assim. Eu por exemplo, por trabalhar em escola, não pude tirar minhas férias ao final dos quatro meses e meio. Tive que tirar minhas férias junto com as férias dos alunos. O que significou que voltei ao trabalho quando Isabel tinha quatro meses e meio, trabalhei um mês - até ela ter cinco meses e meio - e só então tirei duas semanas de férias.

Aí eu me pego pensando: "Temos que mudar isso, melhorar os direitos da mãe-trabalhadora!" Mas conhecendo nossa cultura, ao mesmo tempo em que fizermos isso estaremos aumentando o preconceito e descriminação em relação à mulher no mercado de trabalho. Os empregadores passarão a não querer contratar mulheres porque saberão que se elas engravidarem eles vão ter que arcar com muitas 'despesas' extras.

Mas alto lá! Em outros países a mãe-trabalhadora tem muitos mais direitos e a coisa parece funcionar. Temos então que procurar mudar a nossa cultura. Que não valoriza a maternidade, a primeira infância, o amor.

Para que poder praticar a amamentação exclusiva até os seis meses, poder amamentar os filhos por quanto tempo quiser, poder dedicar tempo, amor e carinho aos filhos, não seja apenas um direito das mães que não precisam trabalhar ou daquelas que, como eu, podem se dar ao luxo de diminuir sua carga horária e flexibilizá-la.

E como vocês sabem, o futuro começa com os nossos filhos. Que começam com a gente.


P.S. Tenho um rascunho de post sobre a amamentação e a volta ao trabalho, com dicas para as mães que trabalham e querem manter a produção de leite para amamentar seus filhos. Mas antes de postá-lo preciso terminar os outros posts sobre a ordenha do leite. Já são minha prioridade em relação à minha 'to-post list', rs!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Licença-Amamentação

A cada dia que passa eu fico mais e mais surpresa com o número de mulheres que desconhece a existência da licença-amamentação. Resolvi dedicar um post ao assunto então.

Uma licença-maternidade 'padrão' dura 120 dias, ou seja, quatro meses. Mas recentemente foi aprovada uma lei que permite a funcionárias públicas uma licença-maternidade de 180 dias, ou seis meses. Mulheres que trabalham em empresas denominadas 'Empresa Cidadã' também têm direito a esse período extra antes da volta ao trabalho.

O que faz uma empresa ser uma 'empresa cidadã'?

Elas optam por prolongar a licença-maternidade de suas funcionárias em troca de benefícios fiscais.

Como sei se trabalho em uma 'empresa cidadã'?

Basta perguntar ao seu superior.

Para as outras mulheres, registradas em empresas que só permitem uma licença-maternidade de 120 dias, ou quatro meses, há a possibilidade de requerer uma licença-amamentação.

No quê consiste uma licença-amamentação?

É uma licença que dura quinze dias. Só pode requerer uma licença-amamentação aquela mãe que está amamentando seu bebê, contanto que ele ainda não tenha completado seis meses. Portanto, quem já tem licença-maternidade de seis meses não tem direito a ela.

Basta pedir para o pediatra do bebê fazer um pedido e encaminhar esse pedido ao RH do seu local de trabalho.

Sendo assim, a mãe pode ter no total quatro meses e meio de licença, retornando ao trabalho ao término desse período.

É, eu sei. É pouco. Mas é melhor do que nada. Ridículo as campanhas do Ministério da Saúde incentivando a amamentação exclusiva até os seis meses sem que a licença-maternidade seja obrigatoriamente de 180 dias.

Mas isso está em discussão e tenho certeza que logo logo a licença-maternidade padrão será de seis meses.

Falando nisso, já estão aprovando uma lei que beneficiará aquelas mães cujos bebês permanecem internados na UTI Neo-Natal por um período maior que o da licença-maternidade. A nova lei pretende permitir a essas mães só retornar ao trabalho quando o bebê receber alta, assim elas podem acompanhá-los durante toda a internação.

De novo, é melhor do que nada, mas ainda falta muito para chegarmos a uma situação ideal.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Últimos Acontecimentos

Eu reclamava que a Isabel não rolava de jeito nenhum. Passava o tempo todo deitada de barriga para cima, o que eu achava péssimo pois agravaria o probleminha na cabeça dela - depois conto disso. Também queria muito que ela virasse e explorasse mais o ambiente porque depois de um tempo de barriga para cima ela se entediava e começava a chorar de maneira que eu não podia fazer nada por mais de dois minutos.

E então ela resolveu rolar. Tardou mas rolou!

E agora ninguém segura. Está um sufoco trocar sua fralda. Quem tem menina sabe do que eu estou falando. É difícil fazê-las abrirem as perninhas para podermos limpar bem a xoxota - palavra feia, né!? - e pior ainda é quando elas além de não quererem abrir as perninhas querem ficar virando para cá e para lá.

Isabel está tão espoleta que vira-e-mexe me dá um chute na barriga. Nossa, como dói! Dói muito mais do que os chutinhos na costela da época da gravidez!

Ela também já está oficialmente sentando. No carrinho ela faz força para sentar e não quer saber de se deitar. No tatame se colocada sentadinha ela fica lá brincando. Se vê que vai tombar para trás ou para os lados logo se recompõe. Só agora eu acredito no tal 'salto de desenvolvimento'. De repente ela começa a fazer mil coisas que não fazia!

Antes, quando forçava o choro, aproveitava para emendar uns sonzinhos no meio - era minha pista para saber que o choro era forçado. Hoje, quando chora por manha ela emenda uns 'bá,bá,bá' ou 'dá,dá,dá' entre um 'buáaaa' e outro. Coisa mais linda. Fico rindo da sapeca!

Posso falar? Estamos na melhor fase! Dos seis meses ao um ano e meio acho que é a fase mais legal das crianças.

E como a Natália do excelente Leite e Prosa disse, "o problema não é que passa rápido. O problema é que passa".

Alguém mais já está pensando no segundo filho? Rs...


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Quanto Vale o Seu Leite?

Esta eu li faz tempo mas nunca é tarde para recordar.

Uma sorveteria gourmet de Londres, a 'Icecreamists' lançou um sorvete chamado 'Baby Gaga'. É feito com vanilla, zest de limão e... leite materno!

É... pois é...

A loja, situada na badalada região de Covent Garden, paga para doadoras fornecerem seu leite materno e fabrica o gelado que é servido com nitrogênio líquido em taças de coquetel por nada menos que £ 14,00 - algo como R$ 36,00!

Eles pagam cerca de R$ 40,00 para cada 296ml 'doados'. Aproximadamente 887ml são necessários para fazer cinqüenta 'Baby Gagas'.

O leite deve ser extraído com bombinhas tira-leite esterilizadas e as mulheres passam por exames médicos antes de fornecerem seu leite.

O novo produto foi um sucesso e até se esgotou.

Unusual: A Baby Gaga waitress serves the breast milk cocktail in the Icecreamists shop, Covent Garden



Da última vez que li algo a respeito, a venda do Baby Gaga havia sido proibida porque era ilegal comercializar produtos feitos com 'fluídos corporais humanos'. Fala sério, você iria querer tomar? Eu já tomei do meu próprio leite mas sempre para evitar desperdicá-lo quando eu não tinha um local adequado para guardá-lo - quando estava na rua por exemplo. E mesmo assim não me sentia muito à vontade. Longe de mim tomar sorvete feito com o leite de outra mulher!

A cantora Lady Gaga estaria também processando a marca pelo uso do nome cuja semelhança é óbvia.

Mas o que mais me deixa incrédula é que mulheres como esta cidadã estejam vendendo - é, porque a última coisa que são é 'doadoras' - este bem que Deus lhes dá para alimentarem seus filhos com nutrientes e amor:



Tem tanto bebê entre a vida e a morte que poderia se beneficiar desse leite... E ele está sendo usado para satisfazer os caprichos dessas pessoas que têm uma vida tão inútil que estão sempre em busca de algo excêntrico para se distrairem e não se darem conta do quão ridículos são...

Eu e minha irmã, como doadoras de leite, ficamos passadas. "É um desaforo", foram suas palavras. Nos dedicamos tanto a ordenhar nosso leite, tanto para termos uma boa produção para nossas filhas quanto para podermos ajudar esses bebês e suas mães, que ver algo como esse sorvete é um tapa na cara. Quanto desdém...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Me Fez Chorar

Chego hoje no trabalho, acesso a Internet e logo de cara me deparo com este artigo do Yahoo.

Me fez chorar.

A garotinha em questão tinha um tumor benigno no nariz que fazia com que ele ficasse parecendo uma bola vermelha. O problema foi diagnosticado quando ela ainda estava no útero.





Ela sofria muito por conta disso. Tinha vergonha e se escondia de estranhos. Dá para imaginar o bullying que ela não tinha que suportar, né...

Os pais procuraram ajuda mas ninguém queria operá-la por receio de que ela sangrasse até a morte. Mas, no começo deste ano eles finalmente encontraram um cirurgião que fez o procedimento e numa cirurgia de três horas e meia o tumor foi retirado.

E eis o resultado:


Ficou ótimo! E ela é tão lindinha!

O artigo me fez chorar por três motivos:

(1) Como li num dos comentários na página original, dá para ver que no ultrassom ela está sorrindo! Um sorriso evidente. E quando vi a foto dela ainda pequenininha - à direita, na parte de baixo - com aquele sorriso verdadeiro e aqueles olhos, me tocou o fato de que aquele bebê nem tinha ciência de que seu nariz era diferente. É uma inocência, uma pureza tão grande... Ela estava muito feliz, era alegre e contente e fazia questão de sorrir para que isso transparecesse. O que me leva ao segundo motivo pelo qual chorei.

(2) Quão podre somos nós? Fazemos um ser que estava perfeitamente contente na sua condição, se sentir envergonhado, discriminado, infeliz e refém de uma manchinha no nariz. Quando é que nós seres humanos daremos mais valor ao corpo espiritual do que ao corpo físico? E não digo isso com um ar de superioridade. Porque me incluo nessa categoria. Todos estamos juntos nessa. Quando foi que decidimos o que era belo, o que era normal, e o que não era?

(3) Quem acompanha o blog há mais tempo já deve ter pescado. Esse tumor benigno no nariz dela, essa manchinha vermelha, se trata de um hemangioma. Embora o artigo não faça menção dele eu sei o quê é porque a Isabel também tem, como relatei aqui. É um crescimento anormal dos vasos sangüíneos. E por isso o caso me tocou profundamente.

A Isabel tem um no dedão do pé esquerdo. Ele está crescendo e agora já está até em relevo. Fomos ao médico na segunda-feira. Ele pediu um eletrocardiograma e retorno assim que o resultado sair. Daí vai decidir se vamos entrar com medicação ou se faremos o laser.

O que me aflige é que:

(a) Ele disse que essa medicação atua no coração e diminui os batimentos cardíacos. Já deu para entender por quê eu estou preocupada, né?

(b) Apesar de o do dedão do pé ser o maior - já ocupa toda a parte da sola do dedão dela - outros estão pipocando. Quando ela nasceu ela só tinha o da língua - que parece estar estacionado - e o do dedão. Agora já apareceram pintinhas vermelhas nas costas, na região do ânus, na palma da mão direita (duas), no lábio superior, no lábio inferior...

Eu estou preocupada. O médico disse que algumas delas podem ser simplesmente pintas vermelhas, denomindas 'nevus rubi'. Mas vamos continuar acompanhando... O que ocorre é que quando a pessoa tem vários hemangiomas - até agora os únicos confirmados na Isabel são os da sola do dedão do pé e o da língua, que pelo jeito é um linfangioma - há a possibilidade de ela também tê-los nos órgãos.
Os médicos dizem que eu devo ficar tranqüila. Eles são especialistas nisso e pelo jeito uma das melhores equipes do Brasil então eu fico um pouco mais segura. Mas que a gente fica com a pulga atrás da orelha a gente fica... Não tem jeito.

Me disseram que não há a possibilidade de esse hemangioma se tornar algo maligno. Antigamente nem se tratavam hemangiomas. Mas como podem causar cicatrizes emocionais e físicas, hoje em dia se trata. Ainda assim, muitos pediatras - como o da Isabel - falam para os pais que aquilo não é nada. A não ser que seja algo assim grande e evidente como o dessa garotinha. No caso da Isabel as pintinhas vermelhas são do tamanho de um ponto final. Na língua é um pouquinho maior. Disseram que talvez desse algum problema na hora de ela comer, poderia atrapalhar. Mas não aconteceu. Ainda bem.

Mas é isso... vamos acompanhando.

domingo, 21 de agosto de 2011

Pérolas da Infância

Algumas das pérolas dos meus sobrinhos que em novembro completam três anos.

Em ordem cronológica:

...

Minha sobrinha, aos dois anos e dois meses, num dia chuvoso após ter ficado o dia todo em casa:

Sobrinha: Mamãe. Quer sair.
Irmã: (exercitando a paciência) Quer sair amor? Mas tá tarde, tá chovendo... Quer sair pra onde?
Sobrinha: (mostrando que nunca devemos subestimar o poder de entendimento deles) Pra algum lugar.

...

Conversa entre eu e meus sobrinhos. Eu estava com o barrigão de grávida e queria lhes preparar para a chegada da Isabel - cujo nome na época desconhecíamos. Eles estavam sentados na cama e eu, como boa professora de inglês e espanhol, convserva com eles numa mistureba de línguas:

Eu: (apontando para minha barriga) Mira. Bebé... inside. [Olha. Bebê.. dentro]
Eles: (apontando para minha barriga) Bebé... inside.
Eu: (feliz que eles haviam compreendido) É... Bebé inside!
Eles: (me mostrando que não haviam entendido é nada, simultaneamente jogam seus corpos para trás, levantam suas blusas, apontam para suas barrigonas de criança de dois anos e pouco) Mira. Bebé inside!

...

Sobrinho: Você tá dodói?
Eu: (resignada) Não amor. É só uma espinha mesmo.
Irmã: (cai na gargalhada - como se ela não tivesse espinhas, né!?)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Correria

Por aqui só na correria. Domingo foi mesversário da Isa. Sete meses! Quem diria. Eu estagnei nos seus seis meses. Acho que por ser um marco - introdução das papinhas, começo na escolinha, meio ano de vida... Ontem mesmo me perguntaram quanto tempo ela tinha e eu respondi "seis meses", rs.

Coincidiu com o aniversário da sogrona - 83 anos! A mulher é um exemplo. Fizemos bolinho e cantamos parabéns para as duas. Que se adoram.

Esta semana também comecei num segundo emprego. Agora, além das segundas e quartas o dia todo, trabalharei às terças e sextas na parte da manhã. Aproveitei que a Isabel tem que ficar na escolinha esses dias mesmo. E também as coisas por aqui não estavam fáceis. Nem casquinha no quiosque do McDonald's eu estava me dando ao luxo de comprar para vocês terem uma noção! Vai dar uma aliviada no bolso mas um peso no meu coração de mãe. Mesmo a Isabel já ficando longe de mim nessas horas eu tenho que acordar muito cedo nos dias em que trabalho - às 4:30 da manhã - e acabo chegando em casa muito cansada. E aí tem as tarefas cotidianas - cozinhar, lavar roupa, louça, aspirar, limpar a casa, etc. Sobra pouco tempo e energia para a pequena. É complicado.

E ontem ela ficou se exibindo toda para mim no seu tatame enquanto eu arrumava sua malinha para o dia seguinte. Rolou umas duas ou três vezes - coisa que ela raaaaramente fazia, começou a repetir sílabas tipo bábábá - o que também é uma novidade, e muito fofinho pois ela faz caras e bocas, se esforça mesmo, rs - e também começou a se locomover. Ela está tentaaaaando levantar o bumbunzinho mas ainda não consegue. O que ela faz é que ela se arrasta toda. Mas para trás! Tadinha, rs. Ficou indo e indo para trás até bater no móvel. Muito lindo. Acho esta a melhor fase da criança, em que ela começa a ganhar independência e a descobrir o mundo. Com aqueles olhos encantados, de quem a toda hora se depara com algo novo e fascinante.

Minha irmã - que está lendo 'O Mundo de Sofia' pela segunda vez - me lembrou que no começo desse livro ele fala de como nós já nos acostumamos ao mundo, como nos esquecemos da sensação de achar mágico o singelo fato de estarmos vivos. E de como os bebês e as crianças pequenas ainda têm isso de se maravilhar com as coisas corriqueiras do cotidiano, da mesma forma que os filósofos.

E é isso que eu adoro. Como a Isabel me faz acordar para a vida.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Choro do Bebê, Revisitado

Na época em que Isabel nasceu eu, influenciada pela família, achava que se o bebê: (1) tivesse mamado há pouco tempo; (2) estivesse de fralda limpa; (3) estivesse vestido de acordo com a temperatura do ambiente; (4) não tivesse nada que o pudesse estar incomodando – como se eu soubesse tudo, né!? - ; e (5) já tivesse tomado remédio para cólica, recebido uma massagem, uma bolsa de água quente, etc., e ainda assim chorasse, era manha.

E então, quando Isabel começou a ‘chorar’, com quase um mês – até então ela só chorava para mamar e passava o restante do tempo dormindo – eu a deixava lá, chorando.

Mas com o passar do tempo algo começou a mudar. Alguma coisa dentro de mim me dizia que aquilo não estava certo. Eu ficava aflita ao ver minha filha chorar e não fazer nada a respeito. Ficava pensando na sua condição enquanto bebê, na sua dependência e vulnerabilidade. Comentei sobre isso aqui. Ela não entendia o quê ela era. Não sabia falar e comunicar claramente suas sensações e seus pensamentos. Não conseguia entender o que ouvia. Não enxergava direito e mesmo que o fizesse não tinha capacidade de entender as coisas. Se ela me visse sair de perto dela, como ela saberia que eu não estava indo embora para sempre? Ela não tinha discernimento ainda para isso. Levaria tempo para que ela o adquirisse, para que ela entendesse como as coisas funcionam. Se a fralda estivesse suja, como ela saberia que em cinco minutos, assim que eu terminasse de lavar a roupa, eu iria trocá-la e aquele incômodo cessaria?

Dentro do útero ela não passava fome, nem frio, não tinha cólicas. Ela nem sabia o quê essas coisas eram, nem que elas existiam! Estava sempre aconchegada e protegida, perto de mim. De um minuto para o outro ela se via numa dimensão totalmente diferente e cheia de ‘perigos’ e ‘ameaças’.

Aí comecei a entender que meu papel de mãe, ainda por cima de licença-maternidade, era justamente o de cuidar da minha filha. E que ‘cuidar’ não significava só alimentá-la, agasalhá-la, dar banho... Significava também ser seu porto-seguro enquanto ela se ambientava no mundo físico.

E passei a não deixá-la chorando. Na verdade eu não o fazia por nenhuma convicção. Fazia por instinto mesmo. Eu não gostava. E não era pelo barulho, pela distração em si. Era pelo que aquilo provocava dentro de mim. Era um chamado. E eu tinha que atendê-lo. Tá certo que nem sempre o fazia com todo prazer do mundo. Às vezes eu estava muito ocupada, com mil tarefas para realizar, ou no meio do banho e ela me ‘chamava’. E lá ia eu. Em parte me sentindo bem por ser quem a tranqüilizava mas em parte me sentindo frustrada por ser só isso e não poder ser nada mais do que eu era antes.

Enfim.

Eu quase não a deixava chorar.

Até que um dia, ao chegar em casa após uma semana internada com ela no hospital – depois eu falo disso – eu tive uma crise. Tinha passado a semana inteira sem dormir. Era um entra-e-sai de pediatras, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas, funcionários... além das mamadas dela. Eu não conseguia dormir. E quando eu pensei que finalmente conseguiria algumas horinhas de sono a Isabel desatou a chorar. Peguei-a no colo, dei-lhe de mamar, fiz carinho. Mas nada adiantou. Eu não sabia o quê fazer. Minhas costas doíam. Tentei amamentar deitada. Foi em vão. E aí eu me surpreendi. Quando me dei conta eu estava com minha filha nos braços, gritando com ela: “Isabel! Ajuda a mamãe! Pára de chorar!” e chacoalhando-a . E ela tinha cerca de um mês e meio.

Me envergonhei. Me senti culpada.

Minha irmã apareceu e disse: “Deixa ela chorar um pouco.” E assim o fiz. Me deitei ao lado dela e me desliguei do seu choro. Não dormi. Mas comecei a divagar. Fechei os olhos e fui pensando em outras coisas. Ignorando-a . Algum tempo depois, não me lembro quanto, mais calma, me levantei e dei-lhe um banho. Ela continuou chorando mas eu estava diferente. Mais controlada. Pouco depois ela fez um baita cocozão. Dei-lhe de mamar e ela dormiu.

E aí eu concluí que embora deixar o bebê chorando sempre, para ‘fazê-lo se tornar independente’ ou porque ‘é manha’ não estivesse de acordo com meu jeito de pensar, algumas vezes era necessário. Porque era melhor do que me tornar uma mãe esgotada, exausta, que, descontrolada, acaba mal-tratando seus filhos.

E assim passei a deixar a Isabel chorar de vez em quando. Era mais quando ela tinha dormido muito porque eu constatei que se ela não chorasse nem um pouquinho durante o dia ela – e eu, por tabela – dormia mal à noite. Outro motivo era porque às vezes eu sentia que seu choro era uma forma de ela extravasar a tensão por estar o tempo todo se deparando com coisas desconhecidas. E também era totalmente inviável ficar com ela o dia todo no colo. Eu não fazia nada além disso. A casa estava de pernas para o ar. Eu não limpava o banheiro havia semanas. As refeições consistiam de miojo ou pão, bolacha.. Eu não estava me alimentando bem e isso não deveria estar sendo bom para a qualidade do meu leite que ela tomava.

O que eu então fazia era que quando eu não podia lhe dar colo eu a deixava na cadeirinha e cantava para ela, ou ia lá fazer-lhe um carinho de vez em quando, lhe dar um beijinho, colocar a (santa) chupeta que tinha caído de volta na sua boquinha... O importante era fazê-la entender que ela não estava desamparada. Também não adiantava ficar com ela no colo rezando para ela dormir. Eu tinha que ter prazer em pegá-la no colinho. Pelo menos na maior parte das vezes pois é óbvio que isso não acontecia sempre.

Mas eu nunca entendi essa de deixar chorar para a criança se tornar independente. Como é que dá para a gente esperar que um ser que é totalmente dependente – para comer, para coçar o nariz, para limpar suas fezes e urina, para se locomover, etc. – seja independente? A independência vem com o tempo. E mais para frente com a educação que damos a nossos filhos a partir de uma certa idade. Mas com certeza isso não se aplica a um bebê de poucas semanas!

Aí eu comecei a ler blogs de mãe com mais freqüência e conheci o Carlos González. Nunca li sua obra mas me interessei pelo que eu via outras mães dizerem sobre seu trabalho. Não vou linkar aqui porque são muitas que falam dele e eu estou com pressa, hehehe. Basta dar uma olhada na lista de blogs que eu sigo. E gostei do que ele disse. Apesar de não concordar com tudo. Da forma que ele escreveu – repito que não li tudo, apenas trechos – ele me pareceu meio categórico, radical demais. E eu adoro um equilíbrio. Acho que ele faz um pouco de terrorismo e faz as mães se sentirem culpadas se não carregarem seu rebento a tiracolo 24 horas por dia, 7 dias por semana. E isso não é nem um pouco prático, pelo menos na sociedade de hoje. Sem falar nas mães que já têm outros filhos que também demandam sua atenção.

De qualquer maneira, achei legal que um pediatra tivesse publicado um livro que ia na contra-mão da crença (já não tão) predominante de hoje de que temos que tratar nossos bebês como robôs, ou como cachorros que devem ser adestrados. De que devemos criá-los olhando tudo pelo lado racional e nada pelo lado emocional. De que devemos seguir regras inflexíveis em vez de nos deixarmos ser guidas pelo nosso milenar instinto maternal.

Enfim.

Assim foi durante um bom tempo. Eu quase nunca deixava a Isabel chorar e apesar das críticas dos familiares me sentia bem com minha decisão. Eu estava seguindo meu instinto. E havia pessoas que concordavam comigo e me faziam sentir ainda mais segura da minha forma de agir. A Isabel começou a me dar sossego e a chorar menos. Eu creditei isso ao fato de ela ter sempre sido atendida quando solicitava companhia. Ela sabia que não estava sozinha e portanto não se desesperava tanto quando não estava no colo pois sabia que bastava chamar e eu iria lá. Quando eu pensava no quão rápido ela vai crescer e também no fato de que eu logo teria que voltar ao trabalho, ficava ainda mais certa de que dar bastante colinho e atenção a ela era o melhor a fazer pois depois eu iria - e vou - sentir muitas saudades dessa época.

De vez em quando batia um certa dúvida, com certeza. Eu não vivia com ela no colo, só não a deixava chorando. Mas mesmo assim eu ficava me perguntando se eu não estava deixando-a mal-acostumada. Tinha medo de que na escolinha não lhe dessem tanta atenção e ela fizesse escândalo. E de que ela virasse um bebê chorão.

Mas mesmo assim segui firme e forte. Mesmo porque, ao contrário do que sempre me haviam dito, eu ainda não sabia diferenciar seus choros. É claro que com o tempo a gente aprende uma coisa ou outra. E a gente sabe se eles estão com a fralda suja, se estão bem-alimentados e tal. Mas isso demorou muito mais do que eu esperava. E para falar a verdade ainda há vezes em que ela chora e eu não sei o motivo. Ou em que ela chora e eu só vou descobrir o motivo horas mais tarde - um cocô que teimava em não sair, a vontade de tomar banho - sim! - o sono, gases, um fio de cabelo na boca incomodando-a, um brinquedo escondido atrás da cadeirinha irritando-a... enfim.

Quando eu pensava sobre a possibilidade de ela se tornar um bebê chorão, eu me confortava com a certeza de que quando ela já tivesse na idade de fazer manha, quando ela já estivesse amibentada ao mundo e chorando só de 'malandra', quando estivesse me 'manipulando' mesmo, aí eu pararia de dar colo o tempo todo e começaria a 'impôr limites'.

O que eu não sabia é que essa idade chegaria muito mais cedo do que eu imaginava! Pensei que seria por volta de um ano de idade, quando a criança começa a aprender a falar e a andar. Mas para a Isabel essa idade chegou aos cinco meses, e eu infelizmente não me dei conta. Digo 'infelizmente' porque foi uma época dura, como relatei aqui. Eu atribuía seu choro constante à chegada de sua primeira dentição. De fato deve ter sido uma das causas porque ela voltou a soltar muito pum e a se contorcer toda, a coçar a gengivinha sem parar... Mas mais tarde vim a descobrir que não era só isso.

Foi difícil porque eu não dava conta. Ficava esgotada e brava - comigo mesma e com a Isabel. Me perguntava se não era manha mas não tinha certeza. Afinal, como saber, sem dúvida nenhuma?

Brigava com ela - em voz alta... sou assim meio doida mesmo, rs - e daí me sentia culpada. Pensei em ler o livro da Laura Gutman sobre maternidade e o encontro com a própria sombra, mas me faltava tempo. Mas por sorte nunca mais a chacoalhei ou fiz algo do gênero.

E então, um belo dia, a Isabel chorando sem parar, eu a pego no colo. Aí eu preciso ir ao banheiro. Coloco-a na cadeirinha e ela solta o berreiro. Enquanto isso minha irmã vem e a pega no colo. Passado um tempo ela a põe de volta na cadeirinha e... Isabel fica lá. Toda tranqüila, calma, tagarelando. Mas assim que eu saio do banheiro e ela me vê... Adivinhem! Ela desata a chorar.

Foi aí que me dei conta. E comecei a ligar os pontos. Quando a Isabel ficava com minha irmã mais velha enquanto eu trabalhava, ela só chorava para mamar, segundo minha irmã. Não fazia manha e não dava trabalho. Na escolinha as tias diziam que ela era súper de-bem-com-a-vida. Mas comigo ela era chorona...? Hmmm...

A gota d'água foi na primeira sessão de fisioterapia. Chegamos. Fazia um calor do cão. Passei-a para a fisio e fui tomar água no bebedor. Ela disse que enquanto eu ia tomar água ela já ia começando com os exercícios. E assim que retornei à sala Isabel começou a chorar.

- Nossa, mas ela estava indo tão bem até você chegar...

E ficou se esgoelando a sessão toda. De vez em quando a fisio me dava ela para eu acalmar já que seria contra-producente estressá-la demais. Mas era só a fisio fazer o movimento de quem vai me entregar a Isabel que esta parava de chorar no mesmo instante.

E então eu tive a prova de que ela já estava começando a fazer manha. E de que já estava na idade de eu começar a deixá-la chorar de vez em quando antes que ela vire uma daquelas crianças que dá showzinho, pití nos lugares mais inapropriados. Antes que ela vire uma criança mimada que não aceita que as coisas não sejam do seu jeito. Eu já reparei que ela anda muito preguiçosa quando eu estou por perto. Não quer saber de rolar, de brincar com seus brinquedos, só quer saber de ficar comigo, no colo. Mas na frente dos outros, na minha ausência, ela fica muito mais ativa e exploradora.

Não está sendo fácil. E eu sabia que não seria. Sou defensora da idéia de que as pessoas estão livres para escolher o que quiserem na vida contanto que elas estejam cientes das possíveis conseqüências negativas de suas escolhas - na medida do possível, é claro. Mais cedo ou mais tarde esse momento chegaria.

É complicado porque nem sempre você sabe se é manha mesmo ou se a criança está com dor ou algo assim. A gente vai pelo instinto, com a certeza de que nunca teremos certeza. Eu também estou tentando fazer a transição da maneira mais light possível porque se eu o fizer de forma brusca a Isabel vai sentir, e todo amor e carinho e colinho que venho lhe dedicando até agora vão ter sido em vão. Ela vai ficar traumatizada.

Mas assim vamos indo, aos trancos e barrancos.

Se eu daria todo colinho do mundo a ela quando ela era bebê de novo? Sim. Pelos mesmos motivos que relatei aqui em cima. Até porque a Isabel é um bebê feliz e eu acho que o fato de eu ter estado sempre lá para ela no início de sua adaptação foi um fator importante. Eu só a teria estimulado um pouco mais em vez de só ter dado colinho. Teria 'brincado' mais com ela, mesmo quando bebê recém-nascido, para que ela fosse um pouco mais ativa.

Mas, principalmente eu teria ficado mais atenta para o fato de que as 'manhas' começaram muito antes do que eu imaginava!