quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Me Fez Chorar

Chego hoje no trabalho, acesso a Internet e logo de cara me deparo com este artigo do Yahoo.

Me fez chorar.

A garotinha em questão tinha um tumor benigno no nariz que fazia com que ele ficasse parecendo uma bola vermelha. O problema foi diagnosticado quando ela ainda estava no útero.





Ela sofria muito por conta disso. Tinha vergonha e se escondia de estranhos. Dá para imaginar o bullying que ela não tinha que suportar, né...

Os pais procuraram ajuda mas ninguém queria operá-la por receio de que ela sangrasse até a morte. Mas, no começo deste ano eles finalmente encontraram um cirurgião que fez o procedimento e numa cirurgia de três horas e meia o tumor foi retirado.

E eis o resultado:


Ficou ótimo! E ela é tão lindinha!

O artigo me fez chorar por três motivos:

(1) Como li num dos comentários na página original, dá para ver que no ultrassom ela está sorrindo! Um sorriso evidente. E quando vi a foto dela ainda pequenininha - à direita, na parte de baixo - com aquele sorriso verdadeiro e aqueles olhos, me tocou o fato de que aquele bebê nem tinha ciência de que seu nariz era diferente. É uma inocência, uma pureza tão grande... Ela estava muito feliz, era alegre e contente e fazia questão de sorrir para que isso transparecesse. O que me leva ao segundo motivo pelo qual chorei.

(2) Quão podre somos nós? Fazemos um ser que estava perfeitamente contente na sua condição, se sentir envergonhado, discriminado, infeliz e refém de uma manchinha no nariz. Quando é que nós seres humanos daremos mais valor ao corpo espiritual do que ao corpo físico? E não digo isso com um ar de superioridade. Porque me incluo nessa categoria. Todos estamos juntos nessa. Quando foi que decidimos o que era belo, o que era normal, e o que não era?

(3) Quem acompanha o blog há mais tempo já deve ter pescado. Esse tumor benigno no nariz dela, essa manchinha vermelha, se trata de um hemangioma. Embora o artigo não faça menção dele eu sei o quê é porque a Isabel também tem, como relatei aqui. É um crescimento anormal dos vasos sangüíneos. E por isso o caso me tocou profundamente.

A Isabel tem um no dedão do pé esquerdo. Ele está crescendo e agora já está até em relevo. Fomos ao médico na segunda-feira. Ele pediu um eletrocardiograma e retorno assim que o resultado sair. Daí vai decidir se vamos entrar com medicação ou se faremos o laser.

O que me aflige é que:

(a) Ele disse que essa medicação atua no coração e diminui os batimentos cardíacos. Já deu para entender por quê eu estou preocupada, né?

(b) Apesar de o do dedão do pé ser o maior - já ocupa toda a parte da sola do dedão dela - outros estão pipocando. Quando ela nasceu ela só tinha o da língua - que parece estar estacionado - e o do dedão. Agora já apareceram pintinhas vermelhas nas costas, na região do ânus, na palma da mão direita (duas), no lábio superior, no lábio inferior...

Eu estou preocupada. O médico disse que algumas delas podem ser simplesmente pintas vermelhas, denomindas 'nevus rubi'. Mas vamos continuar acompanhando... O que ocorre é que quando a pessoa tem vários hemangiomas - até agora os únicos confirmados na Isabel são os da sola do dedão do pé e o da língua, que pelo jeito é um linfangioma - há a possibilidade de ela também tê-los nos órgãos.
Os médicos dizem que eu devo ficar tranqüila. Eles são especialistas nisso e pelo jeito uma das melhores equipes do Brasil então eu fico um pouco mais segura. Mas que a gente fica com a pulga atrás da orelha a gente fica... Não tem jeito.

Me disseram que não há a possibilidade de esse hemangioma se tornar algo maligno. Antigamente nem se tratavam hemangiomas. Mas como podem causar cicatrizes emocionais e físicas, hoje em dia se trata. Ainda assim, muitos pediatras - como o da Isabel - falam para os pais que aquilo não é nada. A não ser que seja algo assim grande e evidente como o dessa garotinha. No caso da Isabel as pintinhas vermelhas são do tamanho de um ponto final. Na língua é um pouquinho maior. Disseram que talvez desse algum problema na hora de ela comer, poderia atrapalhar. Mas não aconteceu. Ainda bem.

Mas é isso... vamos acompanhando.

domingo, 21 de agosto de 2011

Pérolas da Infância

Algumas das pérolas dos meus sobrinhos que em novembro completam três anos.

Em ordem cronológica:

...

Minha sobrinha, aos dois anos e dois meses, num dia chuvoso após ter ficado o dia todo em casa:

Sobrinha: Mamãe. Quer sair.
Irmã: (exercitando a paciência) Quer sair amor? Mas tá tarde, tá chovendo... Quer sair pra onde?
Sobrinha: (mostrando que nunca devemos subestimar o poder de entendimento deles) Pra algum lugar.

...

Conversa entre eu e meus sobrinhos. Eu estava com o barrigão de grávida e queria lhes preparar para a chegada da Isabel - cujo nome na época desconhecíamos. Eles estavam sentados na cama e eu, como boa professora de inglês e espanhol, convserva com eles numa mistureba de línguas:

Eu: (apontando para minha barriga) Mira. Bebé... inside. [Olha. Bebê.. dentro]
Eles: (apontando para minha barriga) Bebé... inside.
Eu: (feliz que eles haviam compreendido) É... Bebé inside!
Eles: (me mostrando que não haviam entendido é nada, simultaneamente jogam seus corpos para trás, levantam suas blusas, apontam para suas barrigonas de criança de dois anos e pouco) Mira. Bebé inside!

...

Sobrinho: Você tá dodói?
Eu: (resignada) Não amor. É só uma espinha mesmo.
Irmã: (cai na gargalhada - como se ela não tivesse espinhas, né!?)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Correria

Por aqui só na correria. Domingo foi mesversário da Isa. Sete meses! Quem diria. Eu estagnei nos seus seis meses. Acho que por ser um marco - introdução das papinhas, começo na escolinha, meio ano de vida... Ontem mesmo me perguntaram quanto tempo ela tinha e eu respondi "seis meses", rs.

Coincidiu com o aniversário da sogrona - 83 anos! A mulher é um exemplo. Fizemos bolinho e cantamos parabéns para as duas. Que se adoram.

Esta semana também comecei num segundo emprego. Agora, além das segundas e quartas o dia todo, trabalharei às terças e sextas na parte da manhã. Aproveitei que a Isabel tem que ficar na escolinha esses dias mesmo. E também as coisas por aqui não estavam fáceis. Nem casquinha no quiosque do McDonald's eu estava me dando ao luxo de comprar para vocês terem uma noção! Vai dar uma aliviada no bolso mas um peso no meu coração de mãe. Mesmo a Isabel já ficando longe de mim nessas horas eu tenho que acordar muito cedo nos dias em que trabalho - às 4:30 da manhã - e acabo chegando em casa muito cansada. E aí tem as tarefas cotidianas - cozinhar, lavar roupa, louça, aspirar, limpar a casa, etc. Sobra pouco tempo e energia para a pequena. É complicado.

E ontem ela ficou se exibindo toda para mim no seu tatame enquanto eu arrumava sua malinha para o dia seguinte. Rolou umas duas ou três vezes - coisa que ela raaaaramente fazia, começou a repetir sílabas tipo bábábá - o que também é uma novidade, e muito fofinho pois ela faz caras e bocas, se esforça mesmo, rs - e também começou a se locomover. Ela está tentaaaaando levantar o bumbunzinho mas ainda não consegue. O que ela faz é que ela se arrasta toda. Mas para trás! Tadinha, rs. Ficou indo e indo para trás até bater no móvel. Muito lindo. Acho esta a melhor fase da criança, em que ela começa a ganhar independência e a descobrir o mundo. Com aqueles olhos encantados, de quem a toda hora se depara com algo novo e fascinante.

Minha irmã - que está lendo 'O Mundo de Sofia' pela segunda vez - me lembrou que no começo desse livro ele fala de como nós já nos acostumamos ao mundo, como nos esquecemos da sensação de achar mágico o singelo fato de estarmos vivos. E de como os bebês e as crianças pequenas ainda têm isso de se maravilhar com as coisas corriqueiras do cotidiano, da mesma forma que os filósofos.

E é isso que eu adoro. Como a Isabel me faz acordar para a vida.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Choro do Bebê, Revisitado

Na época em que Isabel nasceu eu, influenciada pela família, achava que se o bebê: (1) tivesse mamado há pouco tempo; (2) estivesse de fralda limpa; (3) estivesse vestido de acordo com a temperatura do ambiente; (4) não tivesse nada que o pudesse estar incomodando – como se eu soubesse tudo, né!? - ; e (5) já tivesse tomado remédio para cólica, recebido uma massagem, uma bolsa de água quente, etc., e ainda assim chorasse, era manha.

E então, quando Isabel começou a ‘chorar’, com quase um mês – até então ela só chorava para mamar e passava o restante do tempo dormindo – eu a deixava lá, chorando.

Mas com o passar do tempo algo começou a mudar. Alguma coisa dentro de mim me dizia que aquilo não estava certo. Eu ficava aflita ao ver minha filha chorar e não fazer nada a respeito. Ficava pensando na sua condição enquanto bebê, na sua dependência e vulnerabilidade. Comentei sobre isso aqui. Ela não entendia o quê ela era. Não sabia falar e comunicar claramente suas sensações e seus pensamentos. Não conseguia entender o que ouvia. Não enxergava direito e mesmo que o fizesse não tinha capacidade de entender as coisas. Se ela me visse sair de perto dela, como ela saberia que eu não estava indo embora para sempre? Ela não tinha discernimento ainda para isso. Levaria tempo para que ela o adquirisse, para que ela entendesse como as coisas funcionam. Se a fralda estivesse suja, como ela saberia que em cinco minutos, assim que eu terminasse de lavar a roupa, eu iria trocá-la e aquele incômodo cessaria?

Dentro do útero ela não passava fome, nem frio, não tinha cólicas. Ela nem sabia o quê essas coisas eram, nem que elas existiam! Estava sempre aconchegada e protegida, perto de mim. De um minuto para o outro ela se via numa dimensão totalmente diferente e cheia de ‘perigos’ e ‘ameaças’.

Aí comecei a entender que meu papel de mãe, ainda por cima de licença-maternidade, era justamente o de cuidar da minha filha. E que ‘cuidar’ não significava só alimentá-la, agasalhá-la, dar banho... Significava também ser seu porto-seguro enquanto ela se ambientava no mundo físico.

E passei a não deixá-la chorando. Na verdade eu não o fazia por nenhuma convicção. Fazia por instinto mesmo. Eu não gostava. E não era pelo barulho, pela distração em si. Era pelo que aquilo provocava dentro de mim. Era um chamado. E eu tinha que atendê-lo. Tá certo que nem sempre o fazia com todo prazer do mundo. Às vezes eu estava muito ocupada, com mil tarefas para realizar, ou no meio do banho e ela me ‘chamava’. E lá ia eu. Em parte me sentindo bem por ser quem a tranqüilizava mas em parte me sentindo frustrada por ser só isso e não poder ser nada mais do que eu era antes.

Enfim.

Eu quase não a deixava chorar.

Até que um dia, ao chegar em casa após uma semana internada com ela no hospital – depois eu falo disso – eu tive uma crise. Tinha passado a semana inteira sem dormir. Era um entra-e-sai de pediatras, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas, funcionários... além das mamadas dela. Eu não conseguia dormir. E quando eu pensei que finalmente conseguiria algumas horinhas de sono a Isabel desatou a chorar. Peguei-a no colo, dei-lhe de mamar, fiz carinho. Mas nada adiantou. Eu não sabia o quê fazer. Minhas costas doíam. Tentei amamentar deitada. Foi em vão. E aí eu me surpreendi. Quando me dei conta eu estava com minha filha nos braços, gritando com ela: “Isabel! Ajuda a mamãe! Pára de chorar!” e chacoalhando-a . E ela tinha cerca de um mês e meio.

Me envergonhei. Me senti culpada.

Minha irmã apareceu e disse: “Deixa ela chorar um pouco.” E assim o fiz. Me deitei ao lado dela e me desliguei do seu choro. Não dormi. Mas comecei a divagar. Fechei os olhos e fui pensando em outras coisas. Ignorando-a . Algum tempo depois, não me lembro quanto, mais calma, me levantei e dei-lhe um banho. Ela continuou chorando mas eu estava diferente. Mais controlada. Pouco depois ela fez um baita cocozão. Dei-lhe de mamar e ela dormiu.

E aí eu concluí que embora deixar o bebê chorando sempre, para ‘fazê-lo se tornar independente’ ou porque ‘é manha’ não estivesse de acordo com meu jeito de pensar, algumas vezes era necessário. Porque era melhor do que me tornar uma mãe esgotada, exausta, que, descontrolada, acaba mal-tratando seus filhos.

E assim passei a deixar a Isabel chorar de vez em quando. Era mais quando ela tinha dormido muito porque eu constatei que se ela não chorasse nem um pouquinho durante o dia ela – e eu, por tabela – dormia mal à noite. Outro motivo era porque às vezes eu sentia que seu choro era uma forma de ela extravasar a tensão por estar o tempo todo se deparando com coisas desconhecidas. E também era totalmente inviável ficar com ela o dia todo no colo. Eu não fazia nada além disso. A casa estava de pernas para o ar. Eu não limpava o banheiro havia semanas. As refeições consistiam de miojo ou pão, bolacha.. Eu não estava me alimentando bem e isso não deveria estar sendo bom para a qualidade do meu leite que ela tomava.

O que eu então fazia era que quando eu não podia lhe dar colo eu a deixava na cadeirinha e cantava para ela, ou ia lá fazer-lhe um carinho de vez em quando, lhe dar um beijinho, colocar a (santa) chupeta que tinha caído de volta na sua boquinha... O importante era fazê-la entender que ela não estava desamparada. Também não adiantava ficar com ela no colo rezando para ela dormir. Eu tinha que ter prazer em pegá-la no colinho. Pelo menos na maior parte das vezes pois é óbvio que isso não acontecia sempre.

Mas eu nunca entendi essa de deixar chorar para a criança se tornar independente. Como é que dá para a gente esperar que um ser que é totalmente dependente – para comer, para coçar o nariz, para limpar suas fezes e urina, para se locomover, etc. – seja independente? A independência vem com o tempo. E mais para frente com a educação que damos a nossos filhos a partir de uma certa idade. Mas com certeza isso não se aplica a um bebê de poucas semanas!

Aí eu comecei a ler blogs de mãe com mais freqüência e conheci o Carlos González. Nunca li sua obra mas me interessei pelo que eu via outras mães dizerem sobre seu trabalho. Não vou linkar aqui porque são muitas que falam dele e eu estou com pressa, hehehe. Basta dar uma olhada na lista de blogs que eu sigo. E gostei do que ele disse. Apesar de não concordar com tudo. Da forma que ele escreveu – repito que não li tudo, apenas trechos – ele me pareceu meio categórico, radical demais. E eu adoro um equilíbrio. Acho que ele faz um pouco de terrorismo e faz as mães se sentirem culpadas se não carregarem seu rebento a tiracolo 24 horas por dia, 7 dias por semana. E isso não é nem um pouco prático, pelo menos na sociedade de hoje. Sem falar nas mães que já têm outros filhos que também demandam sua atenção.

De qualquer maneira, achei legal que um pediatra tivesse publicado um livro que ia na contra-mão da crença (já não tão) predominante de hoje de que temos que tratar nossos bebês como robôs, ou como cachorros que devem ser adestrados. De que devemos criá-los olhando tudo pelo lado racional e nada pelo lado emocional. De que devemos seguir regras inflexíveis em vez de nos deixarmos ser guidas pelo nosso milenar instinto maternal.

Enfim.

Assim foi durante um bom tempo. Eu quase nunca deixava a Isabel chorar e apesar das críticas dos familiares me sentia bem com minha decisão. Eu estava seguindo meu instinto. E havia pessoas que concordavam comigo e me faziam sentir ainda mais segura da minha forma de agir. A Isabel começou a me dar sossego e a chorar menos. Eu creditei isso ao fato de ela ter sempre sido atendida quando solicitava companhia. Ela sabia que não estava sozinha e portanto não se desesperava tanto quando não estava no colo pois sabia que bastava chamar e eu iria lá. Quando eu pensava no quão rápido ela vai crescer e também no fato de que eu logo teria que voltar ao trabalho, ficava ainda mais certa de que dar bastante colinho e atenção a ela era o melhor a fazer pois depois eu iria - e vou - sentir muitas saudades dessa época.

De vez em quando batia um certa dúvida, com certeza. Eu não vivia com ela no colo, só não a deixava chorando. Mas mesmo assim eu ficava me perguntando se eu não estava deixando-a mal-acostumada. Tinha medo de que na escolinha não lhe dessem tanta atenção e ela fizesse escândalo. E de que ela virasse um bebê chorão.

Mas mesmo assim segui firme e forte. Mesmo porque, ao contrário do que sempre me haviam dito, eu ainda não sabia diferenciar seus choros. É claro que com o tempo a gente aprende uma coisa ou outra. E a gente sabe se eles estão com a fralda suja, se estão bem-alimentados e tal. Mas isso demorou muito mais do que eu esperava. E para falar a verdade ainda há vezes em que ela chora e eu não sei o motivo. Ou em que ela chora e eu só vou descobrir o motivo horas mais tarde - um cocô que teimava em não sair, a vontade de tomar banho - sim! - o sono, gases, um fio de cabelo na boca incomodando-a, um brinquedo escondido atrás da cadeirinha irritando-a... enfim.

Quando eu pensava sobre a possibilidade de ela se tornar um bebê chorão, eu me confortava com a certeza de que quando ela já tivesse na idade de fazer manha, quando ela já estivesse amibentada ao mundo e chorando só de 'malandra', quando estivesse me 'manipulando' mesmo, aí eu pararia de dar colo o tempo todo e começaria a 'impôr limites'.

O que eu não sabia é que essa idade chegaria muito mais cedo do que eu imaginava! Pensei que seria por volta de um ano de idade, quando a criança começa a aprender a falar e a andar. Mas para a Isabel essa idade chegou aos cinco meses, e eu infelizmente não me dei conta. Digo 'infelizmente' porque foi uma época dura, como relatei aqui. Eu atribuía seu choro constante à chegada de sua primeira dentição. De fato deve ter sido uma das causas porque ela voltou a soltar muito pum e a se contorcer toda, a coçar a gengivinha sem parar... Mas mais tarde vim a descobrir que não era só isso.

Foi difícil porque eu não dava conta. Ficava esgotada e brava - comigo mesma e com a Isabel. Me perguntava se não era manha mas não tinha certeza. Afinal, como saber, sem dúvida nenhuma?

Brigava com ela - em voz alta... sou assim meio doida mesmo, rs - e daí me sentia culpada. Pensei em ler o livro da Laura Gutman sobre maternidade e o encontro com a própria sombra, mas me faltava tempo. Mas por sorte nunca mais a chacoalhei ou fiz algo do gênero.

E então, um belo dia, a Isabel chorando sem parar, eu a pego no colo. Aí eu preciso ir ao banheiro. Coloco-a na cadeirinha e ela solta o berreiro. Enquanto isso minha irmã vem e a pega no colo. Passado um tempo ela a põe de volta na cadeirinha e... Isabel fica lá. Toda tranqüila, calma, tagarelando. Mas assim que eu saio do banheiro e ela me vê... Adivinhem! Ela desata a chorar.

Foi aí que me dei conta. E comecei a ligar os pontos. Quando a Isabel ficava com minha irmã mais velha enquanto eu trabalhava, ela só chorava para mamar, segundo minha irmã. Não fazia manha e não dava trabalho. Na escolinha as tias diziam que ela era súper de-bem-com-a-vida. Mas comigo ela era chorona...? Hmmm...

A gota d'água foi na primeira sessão de fisioterapia. Chegamos. Fazia um calor do cão. Passei-a para a fisio e fui tomar água no bebedor. Ela disse que enquanto eu ia tomar água ela já ia começando com os exercícios. E assim que retornei à sala Isabel começou a chorar.

- Nossa, mas ela estava indo tão bem até você chegar...

E ficou se esgoelando a sessão toda. De vez em quando a fisio me dava ela para eu acalmar já que seria contra-producente estressá-la demais. Mas era só a fisio fazer o movimento de quem vai me entregar a Isabel que esta parava de chorar no mesmo instante.

E então eu tive a prova de que ela já estava começando a fazer manha. E de que já estava na idade de eu começar a deixá-la chorar de vez em quando antes que ela vire uma daquelas crianças que dá showzinho, pití nos lugares mais inapropriados. Antes que ela vire uma criança mimada que não aceita que as coisas não sejam do seu jeito. Eu já reparei que ela anda muito preguiçosa quando eu estou por perto. Não quer saber de rolar, de brincar com seus brinquedos, só quer saber de ficar comigo, no colo. Mas na frente dos outros, na minha ausência, ela fica muito mais ativa e exploradora.

Não está sendo fácil. E eu sabia que não seria. Sou defensora da idéia de que as pessoas estão livres para escolher o que quiserem na vida contanto que elas estejam cientes das possíveis conseqüências negativas de suas escolhas - na medida do possível, é claro. Mais cedo ou mais tarde esse momento chegaria.

É complicado porque nem sempre você sabe se é manha mesmo ou se a criança está com dor ou algo assim. A gente vai pelo instinto, com a certeza de que nunca teremos certeza. Eu também estou tentando fazer a transição da maneira mais light possível porque se eu o fizer de forma brusca a Isabel vai sentir, e todo amor e carinho e colinho que venho lhe dedicando até agora vão ter sido em vão. Ela vai ficar traumatizada.

Mas assim vamos indo, aos trancos e barrancos.

Se eu daria todo colinho do mundo a ela quando ela era bebê de novo? Sim. Pelos mesmos motivos que relatei aqui em cima. Até porque a Isabel é um bebê feliz e eu acho que o fato de eu ter estado sempre lá para ela no início de sua adaptação foi um fator importante. Eu só a teria estimulado um pouco mais em vez de só ter dado colinho. Teria 'brincado' mais com ela, mesmo quando bebê recém-nascido, para que ela fosse um pouco mais ativa.

Mas, principalmente eu teria ficado mais atenta para o fato de que as 'manhas' começaram muito antes do que eu imaginava!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

"Mamãe na Meia-Idade"

Dia desses na sala-de-espera da médica da Isabel tive a sorte de me deparar com este delicioso texto. Digo 'sorte' porque a consulta atrasou em uma hora e meia então foi bom ter algo interessante para me distrair! É um relato irônico e bem-humorado de uma mulher que foi mãe pela primeira vez aos 36 e pela segunda vez aos 43. Minha intenção não é sugerir que a mulher tenha que ser mãe aos x anos de idade; apenas quero dividir com vocês esta leitura que me fez rir e ponderar.



"Mamãe na Meia-Idade"

Criar filho não é brincadeira; mas, à medida que os anos vão passando, tudo pode piorar...

por Jean Kittson

Em média, as mulheres de hoje vêm tendo o primeiro filho na idade em que antigamente tinham a primeira crise da meia-idade. Especialistas dizem que elas querem fazer carreira antes, talvez vivenciar alguns casamentos ou criar o próprio estilo de vida. Algumas ainda esperam encontrar um príncipe encantado: alguém que tenha carreira e estilo de vida próprios, de modo que, ao contrário dos pais, os casais possam comparar currículos e genes na elegante mobília da sala.

As mulheres dizem a si mesmas: “Eu já terei vivido e chegado à maturidade. Saberei coisas. Serei uma mãe melhor se esperar.” Como ganhadores de loteria, declaram: “Isso não vai mudar minha vida.”

Como alguém que sabe por experiência, deixem que eu me meta: “Opa! Está errado!”

Minha primeira filha veio quando eu estava na idade ridiculamente madura de 36 anos; a segunda e inesperada, aos 43. O planejamento familiar não teve nada a ver com isso.

Meu marido optou por morar em Sydney, na Austrália, e eu, em Melbourne, e não chegamos a ter filhos porque não conseguíamos nos encontrar, e muito menos acasalar, até uma idade em que a luz dos banheiros públicos começou a expor nossas rugas. Eu não esperava um príncipe encantado; apenas me esqueci de ter filhos quando era mais nova.

Eu achava que os bebês acabam acontecendo, como a puberdade, as ressacas e os novos cortes de cabelo. E aca­bou acontecendo quando eu tinha 36 anos. Então meu obstetra me disse que a possibilidade de problemas no parto se multiplica com a idade (o plano de saúde mandou-o dizer isso); que a probabilidade de precisar de auxílio no parto – aspiradores de pó, martelos hidráulicos – também aumentaria drasticamente; e que, quando o meu corpo se recuperasse, já estaria na hora da primeira prótese de quadril.

Nada disso me assustou.

Tudo correu de acordo com o plano. Meu marido e eu fomos às aulas de parto, nas quais, por ter 36 anos e um emprego, eu aproveitava a oportunidade para dormir, e, ao acordar, via o meu marido, que não conhecia os mistérios do colo uterino, horrorizado com os slides. Depois de eu ter passado da data prevista do parto, uma parteira trouxe um par de gêmeos prematuros recém-nascidos para minha admiração.

Os dois se aninhavam nas suas mãos em concha... Eu deveria me sentir imediatamente protetora e maternal à espera do momento iminente do meu parto, mas, em vez disso, me apavorei.

Eu não conseguiria cuidar de coisas tão vulneráveis e indefesas. Perderia o bebê entre as almofadas do sofá; céus, eu já comera sobremesas maiores! Meu colo do útero então se fechou como um marisco desconfiado. Assim, induziram o parto com um coquetel hormonal, o equivalente químico de uma sirene que dizia ao bebê: “Não entre em pânico. Localize a saída mais próxima e caia fora!” Depois de horas, perguntei à parteira: “Não estou com dilatação? Acho que até já dava para parir um elefante! E tenho uma audioconferência amanhã.” Ela deu uma cutucada rápida e disse: “Ah, veja, oito centímetros, está quase.”

Pois é, duas semanas depois Victoria nasceu.

Enquanto isso, na enfermaria ao lado, jovenzinhas de 24 anos em boa forma, que tinham assistido acordadas a todas as aulas, cuspiam bebês na hora certa, sem confusão, como bolinhos perfeitos num prato, enquanto proseavam.

Mas se já achei assustador ter um filho com 36 anos, voltar ao obstetra aos 43 foi como assistir a um filme de terror à noite e, no dia seguinte, visitar o cemitério. Optamos pela cesariana porque, quando a gente fica mais velha, nem tudo é tão flexível assim. Além disso, fiquei com medo de sufocar com a dentadura. Ou cair do andador quando o médico dissesse: “Força!”

Aos 24 anos, a maravilha do nascimento é tão emocionante quanto as pétalas de uma flor que se abre. Aos 43, eu sabia exatamente de que remédios precisava. Quando o médico ergueu a criança, eu estava no meio de uma conversa, discutindo imóveis com a enfermeira. Aprovei com a cabeça, como fazemos quando alguém nos mostra uma garrafa de vinho, e voltei aos juros fixos ou variáveis. Acho que o meu marido pegou o bebê para que pudéssemos ir para casa.

E as surpresas continuaram durante a escola primária e a adolescência. Enquanto os filhos crescem, as mães formam grupos. Isso impede que bebam sozinhas. Mas os grupos de mães são iguais aos grupos de filhos: há mães legais, mães esportivas e mães nerds, e todas encontram o seu grupo, menos a mãe mais velha que só é sete anos mais nova do que as avós das outras crianças.

Talvez a mãe não se preocupe com isso porque é madura, entende a rejeição e já tem amigos (que estão sempre no exterior, viajando, porque os filhos deles já saíram de casa), mas o seu filho erá uma desvantagem visível. Os filhos das outras mães vão brincar juntos depois da escola, enquanto você, supostamente, estará fazendo cerâmica, cochilando ou escrevendo zangada à diretoria. Seu filho fará perguntas como: “Por que você não foi ao show de Kylie Minogue com as outras mães?”

E aos poucos você percebe que o seu estilo de vida bem pensado pode causar um impacto negativo nos filhos. Eles não querem uma mãe mais velha; eles querem uma mãe legal. Lembra como a sua mãe parecia velha quando você estava na escola? Então, some mais dez anos e rugas por todo o corpo. Não importa que se sinta jovem nem que esteja em forma. Ao lado de outra mãe 20 anos mais jovem, isso não adianta. De repente, o estilo de vida não parece mais tão flexível quanto antes.

Os filhos se importam com o cargo de comando que você tem na empresa? Com as prestações da casa própria, quase todas pagas? Não! O que importa para eles é se encaixarem no grupo das crianças de que gostam. Assim, os filhos crescem ressentidos conosco porque estragamos a infância deles e os condenamos a anos de terapia. Supere isso! Porque aí vem a adolescência. As duas épocas mais turbulentas da vida da mulher são a adolescência e a menopausa, e VOCÊ VAI PASSAR PELAS DUAS AO MESMO TEMPO!

Ah, desculpe, eu estava gritando? É que estou meio tensa, sabe. Esse é um choque de hormônios cataclísmico. A casa vai tremer com a colisão das placas tectônicas hormonais. O piercing perfurante no umbigo dela e a dor perfurante na sua cabeça...

Escolha de estilo de vida? Pode esquecer, porque a filha adolescente está entrando na época de sexo, rock’n’roll e provas finais. Precisa de mais supervisão do que quando era pequena (e dava para enfiá-la na cama às oito da noite). Você não vai ao viveiro de mudas ver as orquídeas; vai é buscar as meninas nos bailes de Carnaval e nas baladas. E não se esqueça, você vai organizar a festa de 18 anos delas E a sua de 60. Vamos dividir tudo! Preciso de um DJ que toque dos clássicos ao funk!

Veja bem, tudo isso vale a pena, é uma viagem muito louca. Mas, como a maior viagem da vida, você quer saber aonde vai e no que está se metendo.

Talvez valha a pena ponderar nas palavras de Jerry Seinfeld: “Às vezes a estrada menos percorrida é menos percorrida por uma boa razão...”



Guia Moderno Para Mães Mais Velhas

Mãe Mais Velha – Toda mãe com dez anos a mais do que as outras mães.

"O Bebê Nos Escolhe" – Crença hippie de que, quando chega a hora, o espírito da criança habita o nosso corpo e engravidamos. O sexo é para... hã... manter o caminho livre de obstáculos.

Segundo Filho – Para as mães mais velhas, ter um segundo filho é como ter um segundo cachorro. Fazem companhia um ao outro caso a mãe saia para dar umas voltas quando eles tiverem uns 10 anos.

Primípara – Primípara não é um grupo de rock, não seja bobo. Pode parecer, mas não é. Significa apenas mãe de primeira viagem. No caso das mães mais velhas, seria melhor dizer “primi-pára” – pois, carregando um peso a mais, só temos mesmo é vontade de parar.

Azia – Durante a gravidez, a azia é tão forte que parece que a gente engoliu os Tokyo Schock Boys, aquele grupo que solta grandes jatos de chamas no palco e põe fogo até em pum.

Vinho – Para curar a azia, você abre mão de tudo, menos do vinho. Afinal, vinho é uma delícia, e, como mãe mais velha, você sabe que, se não puder tomar o seu vinho, como é que vai sobreviver a todos esses quilos a mais?


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Primeiro Dia na Escolinha

A Isabel começou na escolinha na semana em que completou seis meses. Não foi a primeira vez em que eu ficava longe dela o dia todo, pois eu havia voltado a trabalhar quando ela completou quatro meses e meio. Mas até então, às segundas e quartas – dias em que eu trabalho – ela ficava com minha irmã que está de licença-maternidade.

A princípio ela ficaria lá só nos dias em que eu trabalho mas as ‘tias’ disseram que não daria certo, que a criança precisa de uma certa rotina se não não se acostuma e chora muito, ‘incendeia’ o choro dos outros e tal. Então ela tem ficado o dia todo às segundas e quartas, e das oito ao meio-dia nos demais dias.

Eu já conhecia a escolinha. É a mesma em que meus sobrinhos haviam ficado quando minhas irmãs voltaram a trabalhar. Se chama ‘Babá Express’. Quer nome mais modernete que esse, rs? Fica a poucas quadras de casa mas é longe o suficiente para a Isabel conseguir dormir durante o translado! A escolinha é ótima. E eles não cobram caro. Foi um verdadeiro achado.

Quem cuida das crianças são as donas: uma ‘tia’ – uma senhora – cuida do berçário com o auxílio de uma ajudante. Sua filha fica na coordenação e também ajuda no que for preciso. E elas contam com duas netas e mais uma terceira ‘tia’ jovenzinha que se revezam como ajudante do berçário e professora dos mais velhos.

O berçário fica no andar de cima, numa sala com pé-direito alto e amplas janelas. Há uma cozinha em estilo americano e um terraço grande cheio de brinquedos onde diariamente, às dez da manhã, minha filhota toma sol.

Enfim. Eu sempre tive plena confiança de que lá ela seria bem cuidada. Meus sobrinhos adoravam. Nunca ficaram assados, amavam as ‘tias’, saíam de lá sempre limpinhos... Mas mesmo assim eu não estava preparada para o que aconteceu logo no primeiro dia de ‘aula’.

Depois de ler um artigo com dicas para as mães que vão deixar os filhos na escolinha, resolvi que seria bom a Isabel ter um ‘período de adaptação’. Sendo assim, uma semana antes de terminarem minhas férias ela começou a freqüentar a Babá Express. A idéia era deixá-la lá o tempo que ela aceitasse ficar. Eu ligaria quando quisesse para saber se estava tudo bem e elas me avisariam se achassem que era preciso ir buscar a Isabel antes do horário combinado. No fundo eu sabia que ela se adaptaria bem pois a Isa já havia dado sinais de que tem uma personalidade versátil.

Após algumas ligações e constatações de que minha previsão estava certa fui buscá-la só no horário combinado. E assim foi durante todo o (desnecessário) período de adaptação.

Cheguei. Estacionei o carro e toquei a campainha.

- Quem é?
- É a mãe da Isabel.
- Tá. Só um segundo.
- Tá bom.

E então abriu-se a minha ‘porta da esperança’. Vi minha panquequinha lá toda sorridente embrulhada no cobertor e abri os braços para pegá-la no colo.

Ela olhou para mim e... virou a cara!

Arregalei os olhos e respirei fundo. Eu estava esperando umas perninhas balançando freneticamente como o rabinho de um cão que se entusiasma todo ao ver o dono chegar em casa. Desculpe a comparação mas é inevitável! Achei que ela abriria os braços como os bebês costumam fazer no melhor estilo “quero a mamãe!”. Que nada!

A ‘tia’ do berçário notou minha velada indignação e tentou pôr panos quentes. “Ai, é assim mesmo, eles adoram a escolinha, tem um monte de novidade, novos amiguinhos..” E eu nem prestei atenção a tudo que ela disse. Estava tomada pelo ciúme! Pela primeira vez na vida da Isabel eu estava louca, doida de ciúmes dela. Como pode!? Ela é feita de mim! Foi parte de mim fisicamente durante oito meses, eu a pari, eu lhe dou alimento, amor, aconchego durante seis meses e ela me troca por uma senhora que ela conhece a menos de quatro horas!?

Fiquei também toda encabulada. “A mulher deve achar que eu maltrato minha filha para ela não querer meu colo!”.

E antes que eu desse uma de avestruz e cavasse um buraco para enterrar minha cabeça a Isabel se virou, sorriu de novo como se disesse “brincadeirinha!”, abriu os braços e pediu meu colo, do jeito que só ela sabe fazer.

E eu dei. Toda feliz. E aliviada! E ficamos lá, nos cheirando... por uns cinco segundos!

Foi só ela ver a tia que abriu os bracinhos e se debruçou em sua direção! Deixei-a ir, mais calma desta vez porque pelo menos ela havia me permitido tirar uma casquinha. E para minha total realização, assim que ela notou que não estava nos meus braços ela pediu meu colo de novo. E desta vez ela sossegou. Acho que começou a perceber que os dois colos são mutuamente exclusivos e preferiu o meu, rs!

Fomos embora. Assim que dobramos a esquina parei o carro e liguei para minha irmã. Contei-lhe o ocorrido ainda incrédula. E ela, rindo, me assegurou de que era assim mesmo. Que as tias jamais iriam me substituir. Que eu tinha é que ficar contente que minha filha estava em boas mãos e sendo bem-tratada. Que ela estava gostando da escolinha. Que isso deveria me tranqüilizar e não atormentar, e blábláblá... Tá! Mas, logo no primeiro dia!?

Aos poucos fui me convencendo de que ela estava certa. Hoje ainda bate uma ponta de ciúmes mas pelo menos a Isabel não tem me aprontado mais dessas!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Cadê o Bom-Senso (O Meu e o do Mundo)?

Encontrei este artigo ontem no site da UOL.

É sobre uma boneca que foi lançada recentemente nos EUA. Ela vem com uma blusa que as crianças vestem e nessa blusa há, não região dos seios, duas flores equipadas com sensores. Quando a boca da boneca se aproxima dos sensores a boneca então começa a emitir sons e a se mexer como se estivesse mamando no peito da criança.


A boneca Breast Milk Baby está recebendo críticas porque faz sons e se mexe como se estivesse mamando no peito


Minha primeira reação foi de achar isso tudo um absurdo. Não porque - como a maioria das pessoas contrárias à boneca - ela estimularia uma sexualidade precoce nas crianças, e sim porque eu achei que ela induziria um amadurecimento precoce nas crianças.

Mas aí - graças a Deus! - eu continuei lendo o artigo e meu bom-senso voltou. As crianças brincam de boneca justamente porque elas gostam de, por alguns minutos, fazer de conta que são adultas. E isso é natural delas, é saudável, é parte da infância e do preparo para a vida adulta. Prova disso foi o episódio em que minha sobrinha, aos dois anos e meio, tentou amamentar a Isabel para acalmá-la, como relatei aqui.

Então, se é assim, nada mais natural e saudável do que elas aprenderem desde cedo que o melhor mesmo é amamentar no peito, não é?

Leiam o artigo, está interessante. E os comentários mais recentes também. Concordo com quem diz que "a maldade é vista somente pelos olhos dos adultos, nunca das crianças" e também faço coro com aqueles que apontam que é estranho que para nós sejam aceitáveis as propagandas que incentivam as crianças a comer porcarias e tal mas não a boneca em questão. E vou mais longe. Somos um país em que é normal ver vinheta de Carnaval com mulher nua na TV, as Globelezas da vida, a qualquer hora do dia, mas ensinar as crianças que o mais saudável é o bebê mamar no peito - ah! Isso não pode!

Estamos ou não perdendo o bom-senso? Ainda bem que recuperei o meu a tempo!

É claro que um dia essas crianças crescerão. Algumas se tornarão mães e verão que amamentar não é tão fácil assim. Outras se tornarão pais e verão que eles só poderão 'amamentar' seus bebês com mamadeira mesmo. Mas tudo isso faz parte da vida. Do aprendizado que eles terão que absorver e que nós temos que procurar ensinar aos nossos filhos. De que às vezes não conseguimos o que achamos ser o melhor, o que queremos. 

Mas não acho que isso sirva de desculpa para não lhes mostrarmos desde pequenos o que sabemos ser 'o melhor'. E cá entre nós isso já é em si algo raro, não? Saber o que é 'o melhor'...

Sou a favor da boneca.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Correção

Ontem à noite, enquanto eu procurava um documento em casa, encontrei a receita original da pomada que curou meus olhos-de-peixe de maneira rápida, barata e indolor.

A fórmula é exatamente a seguinte, copiada da receita da médica:

Tea Tree - 5%
Dióxido de Titânio - 20%
Creme Não Iônico - q.s.p. 30g

Já fiz a devida correção no post original. Antes eu havia postado a fórmula como eu me lembrava dela - e não era a fórmula correta - e havia salientado que eu não tinha certeza se era isso mesmo, que era melhor consultar um médico antes. Mas agora eu tenho certeza desta que estou postando. Podem confiar nesta, rs.