segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Primeiro Dia na Escolinha

A Isabel começou na escolinha na semana em que completou seis meses. Não foi a primeira vez em que eu ficava longe dela o dia todo, pois eu havia voltado a trabalhar quando ela completou quatro meses e meio. Mas até então, às segundas e quartas – dias em que eu trabalho – ela ficava com minha irmã que está de licença-maternidade.

A princípio ela ficaria lá só nos dias em que eu trabalho mas as ‘tias’ disseram que não daria certo, que a criança precisa de uma certa rotina se não não se acostuma e chora muito, ‘incendeia’ o choro dos outros e tal. Então ela tem ficado o dia todo às segundas e quartas, e das oito ao meio-dia nos demais dias.

Eu já conhecia a escolinha. É a mesma em que meus sobrinhos haviam ficado quando minhas irmãs voltaram a trabalhar. Se chama ‘Babá Express’. Quer nome mais modernete que esse, rs? Fica a poucas quadras de casa mas é longe o suficiente para a Isabel conseguir dormir durante o translado! A escolinha é ótima. E eles não cobram caro. Foi um verdadeiro achado.

Quem cuida das crianças são as donas: uma ‘tia’ – uma senhora – cuida do berçário com o auxílio de uma ajudante. Sua filha fica na coordenação e também ajuda no que for preciso. E elas contam com duas netas e mais uma terceira ‘tia’ jovenzinha que se revezam como ajudante do berçário e professora dos mais velhos.

O berçário fica no andar de cima, numa sala com pé-direito alto e amplas janelas. Há uma cozinha em estilo americano e um terraço grande cheio de brinquedos onde diariamente, às dez da manhã, minha filhota toma sol.

Enfim. Eu sempre tive plena confiança de que lá ela seria bem cuidada. Meus sobrinhos adoravam. Nunca ficaram assados, amavam as ‘tias’, saíam de lá sempre limpinhos... Mas mesmo assim eu não estava preparada para o que aconteceu logo no primeiro dia de ‘aula’.

Depois de ler um artigo com dicas para as mães que vão deixar os filhos na escolinha, resolvi que seria bom a Isabel ter um ‘período de adaptação’. Sendo assim, uma semana antes de terminarem minhas férias ela começou a freqüentar a Babá Express. A idéia era deixá-la lá o tempo que ela aceitasse ficar. Eu ligaria quando quisesse para saber se estava tudo bem e elas me avisariam se achassem que era preciso ir buscar a Isabel antes do horário combinado. No fundo eu sabia que ela se adaptaria bem pois a Isa já havia dado sinais de que tem uma personalidade versátil.

Após algumas ligações e constatações de que minha previsão estava certa fui buscá-la só no horário combinado. E assim foi durante todo o (desnecessário) período de adaptação.

Cheguei. Estacionei o carro e toquei a campainha.

- Quem é?
- É a mãe da Isabel.
- Tá. Só um segundo.
- Tá bom.

E então abriu-se a minha ‘porta da esperança’. Vi minha panquequinha lá toda sorridente embrulhada no cobertor e abri os braços para pegá-la no colo.

Ela olhou para mim e... virou a cara!

Arregalei os olhos e respirei fundo. Eu estava esperando umas perninhas balançando freneticamente como o rabinho de um cão que se entusiasma todo ao ver o dono chegar em casa. Desculpe a comparação mas é inevitável! Achei que ela abriria os braços como os bebês costumam fazer no melhor estilo “quero a mamãe!”. Que nada!

A ‘tia’ do berçário notou minha velada indignação e tentou pôr panos quentes. “Ai, é assim mesmo, eles adoram a escolinha, tem um monte de novidade, novos amiguinhos..” E eu nem prestei atenção a tudo que ela disse. Estava tomada pelo ciúme! Pela primeira vez na vida da Isabel eu estava louca, doida de ciúmes dela. Como pode!? Ela é feita de mim! Foi parte de mim fisicamente durante oito meses, eu a pari, eu lhe dou alimento, amor, aconchego durante seis meses e ela me troca por uma senhora que ela conhece a menos de quatro horas!?

Fiquei também toda encabulada. “A mulher deve achar que eu maltrato minha filha para ela não querer meu colo!”.

E antes que eu desse uma de avestruz e cavasse um buraco para enterrar minha cabeça a Isabel se virou, sorriu de novo como se disesse “brincadeirinha!”, abriu os braços e pediu meu colo, do jeito que só ela sabe fazer.

E eu dei. Toda feliz. E aliviada! E ficamos lá, nos cheirando... por uns cinco segundos!

Foi só ela ver a tia que abriu os bracinhos e se debruçou em sua direção! Deixei-a ir, mais calma desta vez porque pelo menos ela havia me permitido tirar uma casquinha. E para minha total realização, assim que ela notou que não estava nos meus braços ela pediu meu colo de novo. E desta vez ela sossegou. Acho que começou a perceber que os dois colos são mutuamente exclusivos e preferiu o meu, rs!

Fomos embora. Assim que dobramos a esquina parei o carro e liguei para minha irmã. Contei-lhe o ocorrido ainda incrédula. E ela, rindo, me assegurou de que era assim mesmo. Que as tias jamais iriam me substituir. Que eu tinha é que ficar contente que minha filha estava em boas mãos e sendo bem-tratada. Que ela estava gostando da escolinha. Que isso deveria me tranqüilizar e não atormentar, e blábláblá... Tá! Mas, logo no primeiro dia!?

Aos poucos fui me convencendo de que ela estava certa. Hoje ainda bate uma ponta de ciúmes mas pelo menos a Isabel não tem me aprontado mais dessas!

4 comentários:

  1. Olha, eu ia dizer o mesmo que a tua irmã, que bom, significa que ela está sendo bem tratada, mas isso antes de ser mãe, porque hoje eu diria: Que absuuuuuuurdo!!! Tira ela de lá e não a deixa nunca mais! kkkkk
    Beijos

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  2. Que mamãe ciumenta rsrsrsrsrsr...
    Mas qual não eh..
    E ela como uma boa filha foi la e deu um abração na mamãe...
    Lindaaaa...
    Mas que bom que ela se adaptou bem, sinal de que a creche e realmente boa ( o que é dificil de se achar)
    bjao..

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  3. Ciumenta é meu sobrenome!
    Obrigada pela visita!
    beijos!

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  4. Pior que é assim mesmo ... meu filho também começou a "estudar" na Babá Express esse ano e tanto eu como minha esposa ficamos surpresos com a felicidade dele de ficar lá. Ele adora a escola e as "tias" são super !!! Pessoas especias fazem de simples momentos grandiosos momentos e, acho que é isso que elas fazem por lá com nossos filhos e filhas, tornam o aprendizado em uma diversão. Elas são realmente abençoadas por Deus.

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