terça-feira, 9 de agosto de 2011

"Mamãe na Meia-Idade"

Dia desses na sala-de-espera da médica da Isabel tive a sorte de me deparar com este delicioso texto. Digo 'sorte' porque a consulta atrasou em uma hora e meia então foi bom ter algo interessante para me distrair! É um relato irônico e bem-humorado de uma mulher que foi mãe pela primeira vez aos 36 e pela segunda vez aos 43. Minha intenção não é sugerir que a mulher tenha que ser mãe aos x anos de idade; apenas quero dividir com vocês esta leitura que me fez rir e ponderar.



"Mamãe na Meia-Idade"

Criar filho não é brincadeira; mas, à medida que os anos vão passando, tudo pode piorar...

por Jean Kittson

Em média, as mulheres de hoje vêm tendo o primeiro filho na idade em que antigamente tinham a primeira crise da meia-idade. Especialistas dizem que elas querem fazer carreira antes, talvez vivenciar alguns casamentos ou criar o próprio estilo de vida. Algumas ainda esperam encontrar um príncipe encantado: alguém que tenha carreira e estilo de vida próprios, de modo que, ao contrário dos pais, os casais possam comparar currículos e genes na elegante mobília da sala.

As mulheres dizem a si mesmas: “Eu já terei vivido e chegado à maturidade. Saberei coisas. Serei uma mãe melhor se esperar.” Como ganhadores de loteria, declaram: “Isso não vai mudar minha vida.”

Como alguém que sabe por experiência, deixem que eu me meta: “Opa! Está errado!”

Minha primeira filha veio quando eu estava na idade ridiculamente madura de 36 anos; a segunda e inesperada, aos 43. O planejamento familiar não teve nada a ver com isso.

Meu marido optou por morar em Sydney, na Austrália, e eu, em Melbourne, e não chegamos a ter filhos porque não conseguíamos nos encontrar, e muito menos acasalar, até uma idade em que a luz dos banheiros públicos começou a expor nossas rugas. Eu não esperava um príncipe encantado; apenas me esqueci de ter filhos quando era mais nova.

Eu achava que os bebês acabam acontecendo, como a puberdade, as ressacas e os novos cortes de cabelo. E aca­bou acontecendo quando eu tinha 36 anos. Então meu obstetra me disse que a possibilidade de problemas no parto se multiplica com a idade (o plano de saúde mandou-o dizer isso); que a probabilidade de precisar de auxílio no parto – aspiradores de pó, martelos hidráulicos – também aumentaria drasticamente; e que, quando o meu corpo se recuperasse, já estaria na hora da primeira prótese de quadril.

Nada disso me assustou.

Tudo correu de acordo com o plano. Meu marido e eu fomos às aulas de parto, nas quais, por ter 36 anos e um emprego, eu aproveitava a oportunidade para dormir, e, ao acordar, via o meu marido, que não conhecia os mistérios do colo uterino, horrorizado com os slides. Depois de eu ter passado da data prevista do parto, uma parteira trouxe um par de gêmeos prematuros recém-nascidos para minha admiração.

Os dois se aninhavam nas suas mãos em concha... Eu deveria me sentir imediatamente protetora e maternal à espera do momento iminente do meu parto, mas, em vez disso, me apavorei.

Eu não conseguiria cuidar de coisas tão vulneráveis e indefesas. Perderia o bebê entre as almofadas do sofá; céus, eu já comera sobremesas maiores! Meu colo do útero então se fechou como um marisco desconfiado. Assim, induziram o parto com um coquetel hormonal, o equivalente químico de uma sirene que dizia ao bebê: “Não entre em pânico. Localize a saída mais próxima e caia fora!” Depois de horas, perguntei à parteira: “Não estou com dilatação? Acho que até já dava para parir um elefante! E tenho uma audioconferência amanhã.” Ela deu uma cutucada rápida e disse: “Ah, veja, oito centímetros, está quase.”

Pois é, duas semanas depois Victoria nasceu.

Enquanto isso, na enfermaria ao lado, jovenzinhas de 24 anos em boa forma, que tinham assistido acordadas a todas as aulas, cuspiam bebês na hora certa, sem confusão, como bolinhos perfeitos num prato, enquanto proseavam.

Mas se já achei assustador ter um filho com 36 anos, voltar ao obstetra aos 43 foi como assistir a um filme de terror à noite e, no dia seguinte, visitar o cemitério. Optamos pela cesariana porque, quando a gente fica mais velha, nem tudo é tão flexível assim. Além disso, fiquei com medo de sufocar com a dentadura. Ou cair do andador quando o médico dissesse: “Força!”

Aos 24 anos, a maravilha do nascimento é tão emocionante quanto as pétalas de uma flor que se abre. Aos 43, eu sabia exatamente de que remédios precisava. Quando o médico ergueu a criança, eu estava no meio de uma conversa, discutindo imóveis com a enfermeira. Aprovei com a cabeça, como fazemos quando alguém nos mostra uma garrafa de vinho, e voltei aos juros fixos ou variáveis. Acho que o meu marido pegou o bebê para que pudéssemos ir para casa.

E as surpresas continuaram durante a escola primária e a adolescência. Enquanto os filhos crescem, as mães formam grupos. Isso impede que bebam sozinhas. Mas os grupos de mães são iguais aos grupos de filhos: há mães legais, mães esportivas e mães nerds, e todas encontram o seu grupo, menos a mãe mais velha que só é sete anos mais nova do que as avós das outras crianças.

Talvez a mãe não se preocupe com isso porque é madura, entende a rejeição e já tem amigos (que estão sempre no exterior, viajando, porque os filhos deles já saíram de casa), mas o seu filho erá uma desvantagem visível. Os filhos das outras mães vão brincar juntos depois da escola, enquanto você, supostamente, estará fazendo cerâmica, cochilando ou escrevendo zangada à diretoria. Seu filho fará perguntas como: “Por que você não foi ao show de Kylie Minogue com as outras mães?”

E aos poucos você percebe que o seu estilo de vida bem pensado pode causar um impacto negativo nos filhos. Eles não querem uma mãe mais velha; eles querem uma mãe legal. Lembra como a sua mãe parecia velha quando você estava na escola? Então, some mais dez anos e rugas por todo o corpo. Não importa que se sinta jovem nem que esteja em forma. Ao lado de outra mãe 20 anos mais jovem, isso não adianta. De repente, o estilo de vida não parece mais tão flexível quanto antes.

Os filhos se importam com o cargo de comando que você tem na empresa? Com as prestações da casa própria, quase todas pagas? Não! O que importa para eles é se encaixarem no grupo das crianças de que gostam. Assim, os filhos crescem ressentidos conosco porque estragamos a infância deles e os condenamos a anos de terapia. Supere isso! Porque aí vem a adolescência. As duas épocas mais turbulentas da vida da mulher são a adolescência e a menopausa, e VOCÊ VAI PASSAR PELAS DUAS AO MESMO TEMPO!

Ah, desculpe, eu estava gritando? É que estou meio tensa, sabe. Esse é um choque de hormônios cataclísmico. A casa vai tremer com a colisão das placas tectônicas hormonais. O piercing perfurante no umbigo dela e a dor perfurante na sua cabeça...

Escolha de estilo de vida? Pode esquecer, porque a filha adolescente está entrando na época de sexo, rock’n’roll e provas finais. Precisa de mais supervisão do que quando era pequena (e dava para enfiá-la na cama às oito da noite). Você não vai ao viveiro de mudas ver as orquídeas; vai é buscar as meninas nos bailes de Carnaval e nas baladas. E não se esqueça, você vai organizar a festa de 18 anos delas E a sua de 60. Vamos dividir tudo! Preciso de um DJ que toque dos clássicos ao funk!

Veja bem, tudo isso vale a pena, é uma viagem muito louca. Mas, como a maior viagem da vida, você quer saber aonde vai e no que está se metendo.

Talvez valha a pena ponderar nas palavras de Jerry Seinfeld: “Às vezes a estrada menos percorrida é menos percorrida por uma boa razão...”



Guia Moderno Para Mães Mais Velhas

Mãe Mais Velha – Toda mãe com dez anos a mais do que as outras mães.

"O Bebê Nos Escolhe" – Crença hippie de que, quando chega a hora, o espírito da criança habita o nosso corpo e engravidamos. O sexo é para... hã... manter o caminho livre de obstáculos.

Segundo Filho – Para as mães mais velhas, ter um segundo filho é como ter um segundo cachorro. Fazem companhia um ao outro caso a mãe saia para dar umas voltas quando eles tiverem uns 10 anos.

Primípara – Primípara não é um grupo de rock, não seja bobo. Pode parecer, mas não é. Significa apenas mãe de primeira viagem. No caso das mães mais velhas, seria melhor dizer “primi-pára” – pois, carregando um peso a mais, só temos mesmo é vontade de parar.

Azia – Durante a gravidez, a azia é tão forte que parece que a gente engoliu os Tokyo Schock Boys, aquele grupo que solta grandes jatos de chamas no palco e põe fogo até em pum.

Vinho – Para curar a azia, você abre mão de tudo, menos do vinho. Afinal, vinho é uma delícia, e, como mãe mais velha, você sabe que, se não puder tomar o seu vinho, como é que vai sobreviver a todos esses quilos a mais?


3 comentários:

  1. Adorei o texto hahahahaahahahah...
    Muito bom...
    E ninguem merece esses atrasos em consultas neh?!
    A vc perguntou, eu moro em Palmas-To...
    bjão

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  2. Hahaha! Excelente!
    Mas só achei excelente pq engravidei aos 24 anos, se tivesse engravidado aos 36...
    Beijos

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  3. oie, então Sil (olha a intimidade), aqui na minha cidade pago 7 reais cada foto tematica... a Gio tira todo mês :D e obrigada pelos elogios, to esperando vc colocar fotinhos da Isa *-*

    bjocas em vcs

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