terça-feira, 14 de agosto de 2012

Andador? Nãaaao!

Dia desses levei a Isabel ao pediatra. E na recepção havia um folheto sobre os perigos do andador.

Até aí nenhuma novidade. Desde há muito tempo eu sei que não é recomendado. O andador não permite à criança se desenvolver naturalmente e isso causa problemas. Ela por exemplo não desenvolve o reflexo de tentar amenizar uma queda com as mãos quando está aprendendo a ficar de pé. Em alguns casos - e isso eu já pude constatar na vida real - a criança se acostuma a andar nas pontas dos pés. Isso porque frequentemente, quando colocada no andador, a criança ainda não consegue apoiar a planta do pé por completo no chão e apoia só a ponta. E então passa a achar que é assim que se deve andar.

Há outros problemas que o andador causa mas eu nunca havia pensado em problemas tão mórbidos e sérios quanto os que eu li a respeito no tal folheto.

Ele dizia que a fabricação, comérico e até importação de andador no Canadá havia sido proibido por conta do número de mortes e acidentes graves decorrentes do uso dele.

Mortes?

Pois é. Tem sentido. O andador pode chegar a 10m/s num declive por exemplo. É praticamente um veículo motorizado! E criança não tem muita noção dessas coisas. O texto dizia que várias crianças haviam morrido ou sofrido sérios traumas neurológicos/cranianos devido a quedas de escadas e rampas quando estavam num andador.

Imagine. Deve ser assutador. A criança tá lá, toda feliz, achando que consegue se locomover. Aí quer alcançar aquele objeto colorido, vai um pouquinho para a frente e ploft... cai de uma escada, de uma rampa.. enfim. Horrível. A criança não tem como sair do andador. Só se for tirada de lá por alguém. Imagine o desespero.

Resolvi fazer o post só para engrossar o coro de pessoas contra o andador. Como o próprio texto dizia, dizer que "ah, mas ele/ela fica tão feliz no andador" é preguiça. Há muitas maneiras de fazer uma criança feliz e eles se contentam com as mais simples como por exemplo sentar-se no chão diante deles e fazer caretas. Sou mãe e sei que uma criança que está aprendendo a andar dá muito trabalho. Mas faz parte do nosso papel cuidarmos para preservá-los. Isso inclui mudar a mobília da casa se necessário, fazer uns ajustes aqui e ali. Arrisco até dizer que é melhor deixar a criança num cercadinho todo vazadinho (para ela pelo menos poder enxergar as coisas ao seu redor!) do que deixá-la num andador. Quando eu tinha que limpar a casa por exemplo eu deixava a Isabel no cercadinho perto de mim assim pelo menos ela não corria o risco de se intoxicar com os produos de limpeza. Mas fora isso eu a deixava livre para crescer e ser feliz, óbvio que sempre atenta a ela e aos perigos ao redor.

Mas realmente, essa do andador me deixou bastante assustada... deveriam proibí-lo no Brasil também!

Solução para o Desfralde Noturno

Estávamos sem saber o quê fazer para levar adiante o desfralde noturno de minha sobrinha. Ela já está com três anos e meio. De dia usa o vaso sanitário numa boa. Mas à noite...

Era um troca-troca de lençol! Todos os dias praticamente ela fazia xixi na cama. Usávamos protetor de colchão mas mesmo assim, a ideia era que ela aprendesse a fazer no banheiro. Minha irmã colocava o despertador de três em três horas à noite para levá-la fazer xixi mas várias vezes quando ela ia acordá-la... PRONTO! Já estava toda xixada! E aí era aquela saga - levanta a criança, vai dar uma chuveirada rápida, trocar de roupa, roupa de cama, etc.

Até que comentei com minha outra irmã que minha sobrinha não gostava de ir ao banheiro no meio da noite em parte porque era escuro.

Ela deu uma passada na Leroy Merlin e voltou com uma 'borboleta'. É uma daquelas lâmpadas noturnas de parede que iluminam o ambiente o suficiente para você enxergar por onde anda mas sem atrapalhar o sono, sabe?

A novidade estava por conta do design e das cores. É uma borboleta lindinha. Uma asa solta uma luz azul, a outra uma luz verde e o centro uma luz vermelha. Nada forte demais. Tudo na intensidade certa.

E desde então minha sobrinha (quase) não tem feito xixi na cama. Antes de dormir ela pede para colocarmos a borboleta na tomada. Fica lá sentada no vaso admirando-a e fazendo xixi. Aí vai para a cama. Dali a pouco pede para fazer xixi de novo. Faz mais um pouco. Aí volta para cama. Aí faz mais xixi no vaso. Aí finalmente adormece. Aí acorda espontaneamente no meio da noite: "Mamãe, quero fazer xixi".

E vai, com a mãe, toda feliz, fazer xixi no vaso enquanto admira a borboletinha. E volta para a cama. Sequinha!

terça-feira, 6 de março de 2012

Blogagem Coletiva: Alerta Para os Pais!

Gostaria de propôr uma blogagem coletiva um pouco diferente. Não vou escolher um tema e pedir a todos que publiquem suas visões sobre o mesmo num determinado dia. Em vez disso, eu apreciaria muito se vocês pudessem sim publicar este texto na íntegra em seus blogs (inclusive esta parte), no dia em que quiserem. A ideia é divulgar um 'problema' que pode acometer até bebês que nasceram 100% saudáveis, como foi o caso de minha filha. Eu gostaria de dividir estas informações com o maior número de pessoas para (a) prevenir que outros bebês sofram desse problema, e (b) ajudar os responsáveis de bebês que já estiverem sofrendo com esse problema, pois, embora pouco difundido aqui no Brasil, há sim um tratamento. Desde já agradeço.

...

O Problema
O problema se chama Plagiocefalia Posicional, mas também pode tomar a forma de Braquicefalia ou Escafocefalia.

Basicamente, se trata de uma deformidade/assimetria craniana. O bebê fica com a cabecinha torta, deformada. Ela pode ser mais achatada atrás (Braquicefalia), dos lados (Escafocefalia), de um lado só (Plagiocefalia)... enfim.

Há vários motivos que levam um bebê a ter a cabeça torta. Alguns são mais graves como um tumor ou casos de Hidrocefalia - que eu saiba a Hidrocefalia é o acúmulo de 'água' na cabeça. Algumas vezes é diagnosticada quando a cabeça não pára de crescer. Isso porque, se a moleira e outras suturas ainda não estão fechadas, a cabeça vai se acomodando para dar espaço ao líquido. Mas depois de uma certa idade, a pressão sobre o cérebro começa a ficar grande demais. Que eu saiba existe uma cirurgia em que se coloca uma válvula, espécie de dreno para drenar o líquido. Mas se não tratada pode levar à morte. Existe também a Cranioestenose, condição que requer tratamento cirúrgico e que ocorre quando uma ou mais suturas do crânio do bebê se fecham antes do tempo. Mas se o neurologista-pediatra investigar o problema, pedindo exames, tomografias computadorizadas com reconstrução do crânio em 3-D, etc., e eles não acusarem nenhum desses problemas, pode se tratar de um quadro de Plagiocefalia.

Como Evitar a Plagiocefalia
Para evitar a Plagiocefalia, é importante mudar sempre a posição do bebê. O crânio deles é muito frágil e facilmente moldável nos primeiros meses. Portanto, se o bebê ficar sempre numa determinada posição, o que acontece é que a cabeça cresce torta. A Academia Americana de Pediatria recomenda que os bebês durmam de barriga para cima, para evitar a Síndrome da Morte Súbita (Quem nunca viu aquelas imagens de um bebê dormindo assim com os dizeres "Este lado para cima"?). Mas o que a Academia não diz é que se você deixar seu bebê o tempo todo de barriga para cima a cabeça dele pode ficar deformada. O quê fazer então?

Uma boa opção é deitá-lo para dormir com a barriga para cima sim, mas a cada dia virar a cabeça dele para um lado: um dia para a direita, outro para cima, outro para a esquerda, e assim por diante. É preciso também evitar dar sempre de mamar do mesmo lado (para bebês que mamam na mamadeira). E sempre que puder ficar supervisionando-o, deite-o de bruços (o tal Tummy Time: "Tempo de Barriga"). Assim você alivia a pressão na cabeça dele além de estimulá-lo a desenvolver a força do pescoço, tronco, etc. Há também um travesseiro importado desenvolvido especialmente para reduzir a pressão no crânio do bebê. Eu comprei. Acho que ele deve ser bom para prevenção, e para casos bem leves, em que o bebê tem menos de três meses. Mas mais do que isso ele não faz muita diferença.

Possíveis Causas da Plagiocefalia
Alguns bebês nascem com torcicolo (Torcicolo Congênito) e acabam sempre virando o pescoço para um lado, o que ocasiona a Plagiocefalia. Nestes casos é necessária a avaliação por um bom médico fisioterapeuta-pediátrico. Ele irá orientar os cuidadores, dar exercícios de alongamento e reposicionamento para eliminar o torcicolo e tratar a Plagiocefalia.

Outros bebês já nascem com o problema porque ficaram 'espremidos' no útero da mãe e houve uma pressão no crânio que ocasionou a Plagiocefalia. Este pode ser o caso de gêmeos / trigêmeos, etc., de bebês cujas mães têm uma anormalidade uterina (útero didelfo, útero bicorno, etc), ou de bebês que ficaram muito tempo encaixados na pelve da mãe antes de nascerem. Nesse último caso os ossos do crânio podem ter sido comprimidos pelos ossos da pelve da mãe.

Há casos ainda de bebês que adquirem a Plagiocefalia no parto, especialmente se neste foram usados fórceps (espécie de 'pegador' gigante que se coloca na cabeça do bebê para puxá-lo e ajudá-lo a nascer).

Alguns adquirem-na na UTI Neo-Natal (especialmente a Escafocefalia), por terem que ficar muito tempo deitados de lado para receber sonda, etc.

De qualquer maneira, se a Plagiocefalia for diagnosticada logo (antes de o bebê completar 3 meses), é bem provável que o reposicionamento (trocar o bebê de posição sempre, fazer o Tummy Time, etc) resolva o problema. Isto porque nos primeiros meses a cabeça deles cresce num ritmo muito rápido.

Porém, se o bebê for um pouco maior, pode ser que só o reposicionamento não funcione. Nestes casos o tratamento tem que ser feito por uma órtese. A órtese nada mais é do que uma espécie de capacete que o bebê usa, feito sob medida para a cabeça daquele bebê:

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O Capacete / A Órtese

Como Ele Funciona:
A ideia é que o capacete 'segure' o crescimento da cabeça nas partes em que ela já cresceu demais, e libere espaço para ela crescer nas áreas em que ela ficou achatada.

O capacete é como se fosse um côco seco: duro por fora (para manter sua forma) e forrado com uma espuma densa por dentro. O médico vai lixando essa espuma, à medida que a cabeça do bebê cresce, de maneira a moldar a cabeça dele, conforme descrevi acima. Por esse motivo, todo o tratamento depende do crescimento da cabeça do bebê, e de o bebê usar o capacete o máximo possível. Ele só tira o capacete para tomar banho - nesse momento é feita a limpeza do capacete.

Minha Experiência
Sei que à primeira vista isto tudo pode soar como loucura. Mas como mãe de um bebê que teve Plagiocefalia e que está no final do tratamento com o capacete posso afirmar: é uma maravilha! Realmente funciona e de fato o bebê nem se incomoda. Acho que eles já têm tanta coisa para se acostumar desde que nasceram (roupas, frio, calor, fome, luz, etc) que para eles o capacete é fichinha. E vale lembrar que o capacete não aperta a cabeça do bebê. Apenas contêm o crescimento onde necessário.

É certo que deve ficar um pouco quente mas pude comprovar o que me foi dito: logo nos primeiros dias de adaptação, o corpo do bebê se ajusta à novidade e passa a suar mais pelos troncos e membros do que pela cabeça. E é claro que fazemos nossa parte: damos dois ou mais banhos por dia, colocamos roupinha fresca no bebê, lhe damos bastante líquido, etc. Minha filha nunca reclamou. Ela estranha sim quando tiramos o capcaete para lhe dar banho. Fica mexendo na cabeça como se sentisse falta dele!

E sim, as pessoas na rua vão olhar. Mas isso tudo é questão de perspectiva. Uma vez li o relato de uma mãe que dizia que era um horror: as pessoas olhavam para seu filho como se ele fosse um ET, apontavam, davam risadas... Comigo foi exatamente igual mas exatamente diferente. Sim, as pessoas olhavam e olham. Nunca chamei tanta atenção na minha vida. Nas primeiras vezes eu me sentia a própria Madonna! Mas eu sempre achei natural que olhassem - afinal, não é sempre que se vê um bebê de capacete, né!?

Se minha filha não tivesse tido Plagiocefalia eu não teria conhecimento do capacete. E se visse um bebê com um na rua, certamente ficaria curiosa e intrigada: "Para quê serve?". Por isso sempre encarei a atenção (e as perguntas, caras estranhas, caras feias e demais) com naturalidade. Sim, as pessoas apontam! Mas é para mostrar para os outros: "Olha! Um bebê de capacete! Não parece um astronauta!?". Também acho normal. E elas riem! Mas para mim sempre foram risadas do tipo: "Aaaai, que fofinha!". O capacete dela é todo rosa claro. Coloquei dois adesivos de florzinha na frente. Ela fica LIN-DA! Ainda mais se está montada na motoca dela, é o máximo, rs!

Há pessoas que acham um absurdo, pensam que coloquei o capacete para proteger a cabeça da minha filha - especialmente quando ela está no cangurú. Eu deixo pensarem. Há outros que acham que ela é especial, tem algum problema neurológico. Eu deixo pensarem. Porque mesmo que fosse, continuaria sendo minha filha e eu a amaria tanto quanto. Há quem se aproxime e pergunte. Eu respondo, numa boa. Até prefiro que perguntem, para eu divulgar o problema e o tratamento.

Encaro como um aparelho de dentes, um óculos, uma bota ortopédica... Para mim o foco é 'desentortar' a cabecinha da minha filha. Penso no seu futuro. Ela não será bebê para sempre. Vai virar uma mulher, vai querer estar bonita, gostosa. Penso no seu bem-estar. A diferença entre o capacete e um aparelho de dentes, por exemplo, é que o capacete só pode ser usado em bebês de entre 4 meses a 18 meses mais ou menos. Depois dessa idade, embora a cabeça cresça, ela só cresce em tamanho, não muda tanto o formato. Por isso é preciso agir logo. Quanto mais cedo se inicia o tratamento, melhores e mais rápidos os resultados. Mas eles não costumam usar o capacete em bebês menores de três meses porque (1) nessa idade o reposicionamento por si só ainda pode resolver o problema, e (2) o capacete fica um pouco pesado para bebês tão pequenos. A idade limite para começar o tratamento costuma ser os 14 meses (1 ano e dois meses). Isso pois em média o tratamento dura quatro meses e meio e assim terminaria quando o beber estiver com 18 meses. Vale lembrar que o ritmo de crescimento da cabeça dos bebês, que é extremamente rápido logo que eles nascem, vai desacelerando com o tempo. Por isso quanto mais cedo se tratar, melhor. Minha filha começou o tratamento com 9 meses e meio.

Perdi qualquer preconceito quando vi este vídeo. A cabecinha do menino em questão nem estava tão deformada assim, mas o principal foi a atitude da família (o vídeo está em inglês mas o importante não é o que a mãe diz, mas as imagens, que dizem tudo):


Pouco depois de o capacete de minha filha chegar, fiz um para mim também parecido com o dela mas de cartolina, como no vídeo. Foi só para zuar mas foi súper engraçado. Ela ficava olhando...

O tratamento com capacete só chegou ao Brasil agora, embora exista nos EUA há mais de dez anos. Antes era preciso 'se mudar' para os EUA, Espanha ou Alemanha para realizá-lo, pois são necessárias consultas quinzenais ao longo do tratamento que costuma durar uns 5 meses. Por isso a maior parte dos médicos brasileiros desconhece tanto o 'problema' quanto a 'solução'. Posso dizer que fiz uma peregrinação por pediatras e neuros até encontrar o capacete. Uns me diziam que minha filha não tinha nada. Uns reconheciam o problema mas diziam que não havia nada o que fazer. Uns mencionavam uma possível cirurgia mas alertavam que não valia a pena pois era muito arriscado (morte / sequelas neurológicas). E finalmente, com muita insistência encontrei o caminho. Por isso faço questão de dividi-lo com vocês.

O tratamento com capacete é caro, não vou negar. (Edição: Sobre isso por favor leiam os comentários abaixo. Há pessoas que conseguiram o tratamento na AACD por apenas R$ 300,00!) Por volta de uns R$ 12 mil. Alguns planos cobrem, outros não. Há pessoas que conseguiram reembolso junto ao Ministério da Saúde de seus estados, alegando que só em São Paulo havia o tratamento e que seu estado de origem não o possuía. Mas uma vez me disseram algo que não sai da minha cabeça: tanta gente compra carro a parcelas de perder de vista, em 4, 5 anos. Pegam financiamento para ter o carro próprio, se endividam. Não vale a pena investir num tratamento para a cabeça do seu filho, que irá beneficiá-lo por toda vida?

Sem contar que muitas vezes não se trata de uma questão 'meramente estética'. Dependendo do grau da deformidade a criança pode desenvolver problemas de mastigação (mandíbulas desalinhadas) e visão (olhos em posições diferentes). Este fato às vezes é crucial para conseguir reembolso do convênio médico. Outro problema é que a criança demora a rolar, sentar, etc. Isso porque (1) ela fica acostumada àquela mesma posição de sempre e não quer saber de mudar, e (2) uma cabeça deformada dificulta o 'rolar' da mesma pois o seu formato diferente se torna uma barreira (é mais fácil uma cabecinha redondinha rolar do que uma deformada).

Se alguém quiser saber mais, perguntar alguma coisa, sinta-se à vontade para fazer um comentário no blog http://www.leitinhoesuor.blogspot.com/. Quando o tratamento de minha filha tiver terminado posto fotos do antes e depois do escaneamento dela, se conseguir.

Espero que este post tenha alguma serventia! E obrigado a vocês por lerem tudo e pelo autor ou pela autora deste blog por divulgar a Plagiocefalia, a prevenção e o tratamento.

...

Alguns links úteis:






Vou colocar aqui alguns 'tags' para pessoas que possam vir a procurar sobre o assunto no Google:

- cabecinha de bebê torta
- cabeça deformada
- cabeça em formato de cone
- assimetria craniana
- síndrome da cabeça chata
- síndrome da cabeça plana
- flat head syndrome

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O Prazer de Amamentar

Tou tirando o atraso, rs.

Fiquei bem chateada com meu GO dia desses. Não estava me dando bem com a pílula e pedi uma prescrição da injeção. Mas tinha que ser aquela que não afeta a produção de leite.

"Mas você ainda amamenta?", ele questionou. E assim começou uma conversa bem chata em que ele dizia que ela já não dependia do meu leite, que não importava se a produção diminuísse e etc. e tal. Insinuou que sou sem-vergonha por amamentar prolongadamente e me deixou bem irritada. Mas pelo menos me deu a tal prescrição e com a injeção estou me dando bem.

Na escola eu tinha uma professora bem excêntrica. Daquelas cheias de idiossincrasias, que todo mundo - ou pelo menos a maioria, eu inclusive - adorava. E ela dizia que amamentou a filha até os dois anos porque cada vez que amamentava chegava quase a ter um orgasmo.

Até aí, cada um cada um. Mas eu não amamento por isso. Na verdade eu não sinto nada quando dou de mamar. Algumas vezes doeu e confesso que umas cinco vezes, no máximo, senti um prazer sensual. Mas na maior parte do tempo, o prazer que tenho é o de ter minha filha querida nos meus braços, de sentir que sou quem pode acalmá-la, de poder observar e admirá-la, de dar um tempo na correira do cotidiano e sentir um pouco de paz, de me sentir sua mãe, de saber que é melhor para sua saúde, no começo era também um pouco de alívo pois ela esvaziava mamas muito cheias...enfim. É um prazer que meu GO jamais sentirá nem jamais compreenderá, pois, sim, é possível ele compreender sem sentir mas não creio que isso vá acontecer.

E portanto digo para todas as mães que querem amamentar prolongadamente: amamentem!

É a natureza, é perfeito, é amor. E mesmo nas vezes em que senti prazer sensual não me importei. Teria até lógica sentir esse prazer pois aí seria um incentivo para a mulher amamentar, o que é melhor para o bebê, como foi no caso da minha professora. É como o ato de fazer amor - não só sexo - que serve o propósito de procriar mas também de manter o amor do casal, a intimidade, a entrega.

É o que é. E é lindo.

Tá certo que um dia terei que parar. Talvez quando ela tiver perto dos seus dois anos. Talvez por minha vontade, talvez por vontade da Isabel, ou da natureza. Talvez porque eu ache que já está na hora de se desfazer desse vínculo para ela poder se desenvolver, desenvolver sua independência. Mas com certeza ainda não é a hora. Será doloroso, mas uma hora necessário. E será muito melhor se não for uma coisa imposta ou coagida pelos outros.

O Aniversário

Daí que a Isabel já completou um ano - na verdade já está com um ano e um mês. O aniversário foi comemorado bem do jeito que eu gosto. Só as pessoas próximas - entenda-se, a família pequena - e com um bolo feito por mim.

Na verdade não foi um bolo já que eu não estou com mão para fazer bolo ultimamemente, sei lá eu por quê. Fiz uma torta de morango. Mas em vez de creme de confeiteiro (que eu não gosto) fiz uma ganache (chocolate amargo e creme de leite). E como não sei fazer massa podre fiz uma massa sablé (tipo de biscoitinho). Ficou bem bonito e gostoso. Coloquei até as castanhas na borda. Fiz numa fôrma canelada. Até deixei ela comer um pouco. Na verdade nessa questão da alimentação eu tenho relaxado um pouco, até para evitar brigas com meu marido que quer dar sorvete, pizza, etc. Acho que encontramos um meio-termo, embora por mim ela só comesse frutas, verduras, legumes, carne e ovo, rs!

Foi muito gostoso. Um aninho, não dá nem para acreditar.

O Presente de Natal e a Saúde no Brasil

E só para mostrar que eu falo sério, vou aproveitar que hoje estou de folga, a Isabel está dormindo e estou sozinha em casa, para atualizar.

Na noite de Natal, à meia-noite em ponto, eu acordo - sim, eu já estava dormindo - com um choro da Isabel. Vou pegá-la no berço e quase tenho um treco quando percebo que ela está PE-LAN-DO! Eu nunca a senti tão quente assim. Tiro seu capacete (já vou falar sobre isso), sua roupa, saio para fora para ela pegar um vento e vou medir sua temperatura. 38.9 graus. Corro para o PS. Nem quis ficar dando anti-térmico e esperando. Tenho certeza que devia estar mais alto do que isso porque acho que o vento a esfriou um pouco.

Só que estávamos viajando. E aqui na praia só tem um posto do SUS. 

Temos convênvio médico pela empresa então quase nunca temos que recorrer à saúde pública. Mas dessa vez fomos. E fiquei bem desconcertada.

O médico me chama. Entro na sala. Tem dois enfermeiros lá dentro e um residente. Eu com a Isabel no colo, a minha bolsa, a malinha dela e não tem nem cadeira para eu me sentar! Ninguém pergunta se quero ajuda, se quero que segurem a malinha dela, enfim. Ele me pergunta o quê ela tem. "Febre", digo. Mostro o papelzinho que peguei na triagem comprovando o fato. Aí ele, sem examiná-la clinicamente, começa a preencher uma guia de pedido de exame de sangue. Eu completo "Ela já teve infecção urinária, doutor. Não era bom pedir um exame de urina?". Ele se vira para o residente "Aí nem todas as pessoas são tão lúcidas quanto essa mãe né, então você tem que tentar tirar as informações". Como assim? Ele não me perguntou nada e está dizendo para o residente que ele tem que "tirar todas as informações"?

Eu completo: "Doutor, acho que ela está com catapora". Ele finalmente se interessa. "Ah é? Deixa eu ver". Mostro umas marquinhas no bumbum dela, que eu inicialmente achei que fossem apenas brotoejas devido ao calor egípcio que fazia por aqui na época.

- É, pode ser. Faz esses dois exames e daí a gente vê.

Vou ao posto de enfermagem. Uma mulher, sem unfirmorme, sem identificação está atendendo juntamente com as enfermeiras. Como ninguém lá está expulsando-a eu a deixo me atender. Com o maior mau-humor do mundo ela me manda segui-la a uma sala.

Pediu que eu deitasse a Isabel na maca, sem papel de proteção. Até aí tudo bem, mas eu já fiquei de antena ligada. Pegou um coletor de urina e me perguntou, na maior cara-de-pau :"Você não tem nada para limpar o bumbum dela?".

Como assim? Não é o hospital que deveria ter esse material? Nisso uma enfermeira se  aproxima e, também sem luvas, auxilia a tal mulher. Pego os lenços umidecidos que tenho na malinha da Isabel e começo a limpá-la, já sabendo que nesse exame eu não poderia confiar pois a amostra seguramente estaria contaminada. A tal mulher, sem luvas, com unhas compridas e mal-esmaltadas coloca o coletor na Isabel. E então dá início ao exame de sangue. Fura daqui, fura dali. Não acerta. Isabel chora. Eu ficando impaciente, querendo pegá-la nos braços e sair correndo dali. Pensando que era melhor só ter dado paracetamol. Quando o exame acaba ela coloca o dedo em cima do ponto que havia sido furado, sei lá eu por quê. Limpa com um algodão. O descarta. E manda eu ficar de olho do coletor da minha filha porque quando ela fizesse xixi eu teria de avisá-las.

Esperei umas duas horas. Nada de a Isabel fazer xixi. Disse à enfermeira que iria para casa. Estava cansada.

Para tornar uma história longa numa história menos longa: no final era catapora mesmo. Voltei ao PS durante quatro dias seguidos. No segundo dia para confirmar o diagnóstico. No terceiro porque o olho da Isabel estava inchado (ela havia coçado uma ferida da catapora e passado a mão no olho - o que causou uma infecção. Ela teve que tomar antibiótico). E na última vez porque ela não parava de coçar o ouvido. Achei que fosse outra infecção (embora soubesse que o antibiótico já deveria dar conta de tudo). Mas o médico disse que ela estava com catapora no canal do ouvido. Ou melhor, dos dois ouvidos. Tadinha. Disse que ela poderia ter dentro do canal vaginal e até dentro dos órgãos. Dessa eu não sabia.

Enfim, a catapora durou mais ou menos uma semana mesmo, como dizem. Eu passava pasta d'água para ajudar. Disseram para pôr talco mas não achei bom porque ela poderia aspirá-lo. Também falaram do milho debaixo do travesseiro mas não achei necessário. Dei chá de sabugeiro e banho do mesmo chá. A médica do PS que recomendou. Acho que ajudou.

Isso eu preciso reconhecer. Depois da péssima primeira visita, as demais foram boas. Bons médicos. Mas a primeira realmente me marcou. Na verade, também me marcou o seguinte fato: numa das visitas, a médica examinou a Isabel e pediu para eu ir ao posto de enfermagem dar uma medicação para ela. Disse que depois deveria retornar para passar em consulta com ela. E assim fiz. Quando voltei à salinha na frente do consultório dela, me deparei com um monte de mãe com crianças. E fiquei esperando, toda bestinha, na maior inocência. Achei que, como manda a lógica, o bom-senso e tudo mais, a médica tivesse passado a ficha da Isabel para a enfermeira, que a teria devolvido à médica, que logo chamaria a Isabel para o retorno.

Mas o tempo passava, as pessoas entravam e saíam, estava uma muvuca, e nada. Até que eu fiquei lá sozinha na salinha, esperando. E me passa uma mãe, indo embora: "Olha, para ser atendida você tem que entrar na sala da médica assim que alguém sair. Se não você vai ficar aí até amanhã". Como assim? Não existe uma ordem de chegada? Um mínimo de bom-senso, de organização? Não. Não mesmo. Eu é que sou muito tapada. Mal-acostumada com convênio. Preciso ficar mais ligeira, mais esperta.

E ao mesmo tempo a saúde no Brasil tem que melhorar pô!

Tinham me dito que as marquinhas da catapora sumiriam em uma semana, após elas secarem. E que na fase em que secam é que ela é contagiosa. Sei lá. Meu marido nunca teve e nem pegou. Mas as marquinhas ainda custam a sair. E até lá, nada de sol. Ou seja, passei o resto das férias enfurnada em casa, só podendo sair à noite ou quando alguém pudesse ficar com a Isa. E a coitada também de saco cheio de ficar aqui dentro. Às vezes íamos ao quiosque tomar um vento mas não passava disso.

Foi um belo presente de Natal, especialmente considerando que faltavam só três semanas para eu poder dar a vacina da catapora na Isabel. Se ela tivesse tomado garanto que teriam aparecido só umas três marquinhas e nada mais.


As Recém-Mães

Sei que não ando escrevendo muito por aqui, nem comentando nos blog alheios. A vida está atribulada. Mas eu não encerrei o blog, tá!? 

Acho que as recém-mães se empolgam. É tudo tão novo. Nos sentimos num mundo totalmente à parte. Especialmente na licença-maternidade. Mas aí voltamos a trabalhar. Aí o bebê começa na escolinha. Aí o corpo volta ao normal. Aí o bebê começa a crescer e a ser mais criança do que bebê. E nossa temporada no 'mundo-recém-mãe' acaba.

É claro que continuaremos a sermos mães. E para sempre. Mas não somos mais novatas. As coisas já não nos surpreendem nem assustam tanto a ponto de querermos dividir TUDO com outras na mesma situação AGORA. E com isso o gás para escrever todos os dias, comentar cada novo post, vai se esvaindo.

Mas aí vem uma nova leva de recém-mães e o ciclo continua. Elas se beneficiam - ou não - das nossas experiências da mesma maneira que aconteceu concosco. E mantêm viva a 'maternosfera' (já nem lembro qual nome dávamos direito, rs!).

E assim é a vida. Ela continua. Tenho que agradecer a inúmeras pessoas, muitas que nem sequer me conhecem, pelas informações que elas me passaram, mesmo sem saber. Pelas reflexões que me causaram. Por terem me ajudado a ser uma mãe e uma pessoa melhor.

E é por isso que não encerro este blog. Embora não esteja postando com freqüência, vejo que ainda há muitas pessoas acessando posts antigos e, espero eu, se beneficiando da minha experiência. Continuarei postando. Quando puder.

Quem sabe numa próxima gravidez o gás não volta? rs.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Atualizando

Faz tempo que não falo da Isabel aqui então hoje resolvi contar das mil e uma coisas que tem acontecido:

14/10 - Dia do seu nono mesversário: saiu o primeiro dentinho! No maxilar inferior, o incisivo, do lado direito.
22/10 - Segundo dentinho! O outro incisivo. Neste dia ela também aprendeu a bater palminhas!
3/11 - Ficou de quatro pela primeira vez!
23/11 - Consegue passar de deitada para sentada sozinha e tenta engatinhar - sem muito sucesso ainda. Continua só se arrastando para lá e para cá.
28/11 - Fica ajoelhada um bom tempo pela primeira vez.
30/11 - Se apóia nos móveis e pela primeira vez fica de pé sozinha. Antes no banho ela já tentava mas se apoiava em mim e na banheirinha.
02 e 03/12 - Engatinhou pelas primeiras vezes mas foi muito rapidinho, uns dois passinhos só. Fica fazendo dooooce...
07/12 - Oficialmente engatinha. Fica de pé no berço. Isso me causa muita dor-de-cabeça. Acorda no meio da noite, levanta e fica olhando para mim, mexendo em mim. Levo um susto! Tenho que abaixar o berço para que ela durma no cercadinho e não pule para fora do berço!
16/12 - Dá tchau para alguém (uma vendedora que ela nunca tinha visto) pela primeira vez.

Fora tudo isso, no dia 09/12 fizemos a segunda tentativa de furar a orelhinha dela. A primeira, não deu certo. Graças a Deus agora deu e a Isabel já está desfilando com um lindo diamantezinho ching-ling em cada lóbulo (acabei escolhendo o diamante porque não tinham pérola).

A papinha dela agora não é mais espremida no espremedor de alho - é amassada com garfo. Os pedaços são grandes até, para que ela aprenda a mastigar. Coisa que aliás ela já faz. Muito bonitinho. Eu a ensinei - ficava pondo a papinha dela na boca e mastigando de boca aberta (!) e depois engolindo, para que ela entendesse a mecânica da coisa. Ela achava a maior graça. Ria que era uma beleza. Agora já tem três dentinhos em baixo e quatro em cima (!). Já escovamos seus dentes todas as noites antes de dormir com escova de dente, pasta Cocoricó e tudo. Muito chique, rs!

Tenho variado bastante seu cardápio para que ela possa ingerir nutrientes variados e seja como a mãe que come de tuuuudo. De tudo mesmo. Só não gosto de quiabo (aquela baba!) e jiló. Uma vez fui a Hong Kong e à Cingapura a convite de uns amigos da faculdade que eram de lá. Eu e meu amigo inglês (filho de indianos) passamos duas semanas só comendo comida típica. Provei de tudo. Primeiro eu comia e depois perguntava, rs. Tinha ovo enterrado, um cubóide vermelho que parecia gelatinha mas que depois eu vim a descobrir que era sangue de porco coagulado (hahaha) e mais um monte de coisa. Comi umas esferas que depois disseram que eram "bolas de polvo". Quase surtei. Mas sosseguei quando descobri que eram "bolas DE CARNE de polvo". Tipo uma almôndega de polvo, entende?

Óbvio que a Isa não comeu nada disso mas já provou cereja, coco, maracujá, kiwi, melão, melancia, manga, ameixa, pêssego, nectarina e mais uma pá de fruta. Ela adora. Mas não está crescendo! Não sei o que faço. Ela come de tudo, come bastante, tem ótimo apetite. Mas não cresce! Está com 7,900kg e 68cm. Médico disse que é normal. Basta acompanhar. Marido também. Eu estou com um pé atrás. Vamos ver.

E fora tudo isso tem o capacete! Mas isso fica para outro post! Beijos..!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Inocência ou Negligência?

A Rafaella escreveu um post em que falava sobre a 'inocência' de alguns pais que deixam os filhos com estranhos no supermercado, em shows do Patati-Patatá e afins, enquanto vão ao banheiro ou o que quer que seja.

Li seu post e tive que comentar: "Rafaella, isso não é inocência! Nos dias de hoje é negligência pura!".

A Rafaella conta que estava num show com seu filho quando uma desconhecida se aproximou e pediu a ela que tomasse conta de sua filha enquanto ela ia 'rapidinho' fazer alguma outra coisa lá. No final a dona ficou ausente cerca de vinte minutos.

Na verdade o incrível aqui não é apenas que foram longos vinte minutos e sim que essa mulher: (1) colocou sua filha sob a tutela de alguém que ela nem conhecia e que poderia muito bem sequestrá-la, estuprá-la, roubá-la para tráfico de órgãos, de crianças; e (2) nem se preocupou com os sentimentos da própria filha. Afinal, o quê se passa na cabeça de uma criança que é abandonada pelo responsável junto a um completo desconhecido? Eu me lembro até hoje da aflição que eu senti nas poucas vezes em que, por culpa minha, me perdi dos meus pais no Carrefour. É amedontrador! Eu me lembro nitidamento justamente por ter sido uma sensação tão intensa e negativa!

Pensando nisso me lembrei de um episódio.

Certo dia levei Isabel à APAE para refazer o teste do pezinho, como relatei aqui. Quando o bebê que estava à nossa frente na fila foi chamado, sua mãe o entregou à enfermeira dizendo, com uma cara aflita: "Ai, eu não vou [entrar na sala onde o teste seria feito] tá? Eu tenho aflição e dó de vê-lo sendo picado e chorando."

A enfermeira então levou o bebê, que tinha sete meses, e a mãe ficou aguardando na sala de espera. Não me contive. Cheguei perto da mulher e desatei a falar:

"Olha, desculpa eu me intrometer assim mas eu preciso te falar uma coisa. Eu sei que nós ficamos aflitas ao ver nossos bebês chorarem, sofrerem e sentirem dor. Mas a gente tem que ser forte e agüentar. Por dois motivos.

Primeiro porque a gente nunca sabe o que vai acontecer com eles lá dentro. Não estou falando que a APAE não seja idônea ou algo assim mas a gente vê tanta coisa na TV... enfermeira que dá o medicamento errado, que deixa o bebê cair da maca e quebrar a perna, médicos queimando membros dos bebês e em seguida tendo que amputá-los... A gente tem que ficar em cima, para ver bem o que estão fazendo. Tanto para prevenir que algo de ruim aconteça quanto para poder nos defender caso algo infelizmente ocorra.

Vou te dar um exemplo. Quando a Isabel tinha um mês e meio ela foi interada por causa de uma bronqueolite. Uma hora a enfermeira entrou no quarto e disse que ia dar o remédio da Isabel. Eu perguntei quantas gotas ela daria. Ela disse que seriam quinze. Questionei se não era uma dose muito alta para um bebê tão pequeno, já que geralmente a dose é de uma gota por quilo. Ela foi checar com a médica e então voltou se desculpando e dizendo que de fato eram só quatro! Imagina se eu não tivesse ficado em cima!?

Depois porque, para nossos bebês, nós somos seu porto-seguro! Ele vai ser levado por um estranho, para um lugar desconhecido, vai sentir dor, e não vai ter seu rosto familiar para tranqüilizá-lo!"

Nem preciso dizer que a tal mãe foi correndo lá na salinha onde seu filho ia fazer o teste, né!?

Mas é assim... não fiquei com dó dela apesar de saber que ela não tinha feito aquilo por mal. Porque depois que a gente vira mãe - e até antes disso, na verdade - a gente tem que começar a pensar um pouco mais nas coisas. A linha entre inocência e negligência nesses casos é muito tênue. Para não dizer inexistente.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Amor à... trigésima vista?

Grávidas e futuras-mamães: o dia do nascimento do seu bebê será o dia mais feliz de sua vida. Você será invadida por um sentimento de plenitude e realização, emoção e amor puro. Se apaixonará perdidamente pelo seu bebê assim que o vir, à primeira vista!

Opa... peraí? Alguém mais tá ouvindo isso? Parece que alguém tá gritando: "Não é bem assim! Não é bem assim!"

Se essa pessoa for uma moça liiiinda, de uns 24 anos, é bem provável que seja eu!

O dia do nascimento da Isabel foi sem dúvida o dia mais emocionante da minha vida. Se eu pudesse revivier um só dia da minha existência, seria ele, com certeza! Mas as coisas também não foram um conto-de-fadas. Não estou reclamando. Amei tudo, tenho e tive muita sorte. Mas engana-se quem pensa que me apaixonei perdidamente pela minha filha no instante em que a vi.

"Nossa! Que mãe desnaturada, sem coração!", você pensa.

Engano seu.

Eu sou uma mãe fora de série. E o digo assim, sem pudor, com todas as letras, porque eu sei disso. Ninguém precisa me contar. E ainda assim eu confesso: Não me apaixonei por ela à primeira vista. E escrevo este post porque desconfio, no íntimo do meu ser, que seja assim com to-das as mães.

Essa constatação, ainda na maternidade, não me surpreendeu graças a dois artigo do meu querido BabyCenter que eu havia lido quando ainda estava grávida: este e este em especial. Uma parte desse segundo artigo ecoou na minha memória:

"Por mais fofo que o bebê seja, ele é uma outra pessoa, a quem você vai precisar se acostumar. Não há como se forçar a amá-lo imediatamente. Não existe uma fórmula mágica. Os laços afetivos entre pais e filho vão surgindo a partir dos cuidados do dia-a-dia, da convivência.

Com o tempo, você vai começar a conhecer o bebê, a saber o que o tranquiliza e a gostar de passar tempo com ele. E assim sua relação e seus sentimentos vão se aprofundar. Então, um belo dia -- talvez quando você vir o primeiro sorriso --, você olha para seu filho e percebe que está absolutamente dominada pelo amor e pela alegria de tê-lo com você."
E assim foi. Isabel nasceu. É claro que eu a amei desde o segundo em que a vi. Aliás, eu já a amava muito antes disso. Durante toda a gravidez. Não, acho que até antes disso! Quando ela ainda era um sonho distante, quando eu ainda sonhava com o dia em que me tornaria mãe mas sabia que esse dia estava bem longe.

Mas é diferente quando a criança nasce.

É claro que eu queria o bem dela. Queria que ela sobrevivesse, que ninguém lhe fizesse mal. Que ela estivesse confortável, bem alimentada, descansada, sentindo-se acolhida. Mas era muito diferente do sentimento que tenho por ela hoje. Eu a olhava e apesar da sensação surreal de saber que aquela era a minha filha, finalmente, ela me parecia como tantos outros bebês que já vi e verei na minha vida.

Mas por sorte eu havia lido o tal artigo do BabyCenter. E me lembrei dele. E me tranquilizei. E tive calma. E paciência. E fui deixando as coisas rolarem. E o amor florescendo, como uma rosa cuja semente já havia sido plantada muito antes mas que só agora se abria para meus olhos.

O amor pelos nossos filhos vai se contruindo com o tempo. Por isso dizemos sempre que os amamos hoje mais do que ontem e menos do que amanhã. Vai se expandindo na convivência, no cotidiano. Quando um filho nasce ele é um estranho para nós. É nosso filho, mas não deixa de ser um desconhecido. E ao conhecê-lo vamos nos dando conta do que sentimos por ele. Cada nova conquista, cada nova descoberta, ação, atitude vai nos revelando um pouqinho mais sobre aquele ser. E mostrando-nos que ele é de fato único e insubstituível. E é assim também para eles. Vão construindo seu amor por nós.

Me lembro nitidamente do dia em que percebi que Isabel já não era mais uma desconhecida para mim. No começo ela tinha dificuldade para mamar. Era muito fraquinha e se cansava fácil. Nem bem começava já adormecia no peito. Para acordá-la eu às vezes usava uma tática que eu havia descoberto sem querer: eu respirava fundo. Com o movimento da minha respiração ela acordava e se punha prontamente a mamar. Aí uma bela madurgada, amamentando, eu, sem pensar, respirei fundo. E desta vez me veio a lembrança de um tempo longínquo em que eu o fazia como tática para acordar a um bebê que eu mal conhecia. E me dei conta de que Isabel já não era mais uma estranha para mim. Ela me era muito familiar.

De vez em quando me pego admirando a Isabel. Pensando que ela me mostrou um amor que eu desconhecia. É admiração no sentido mais puro da palavra. É uma paixão arrebatadora. Mas não foi sempre assim.

Nas semanas seguintes ao nascimento da minha filha eu entrei numa fase muito melancólica. Falarei sobre isso noutra oportunidade. Cheguei a me perguntar se era uma depressão pós-parto. Mas entendi que era meramente um 'baby blues'. Aquela tristeza natural pós-parto sobre a qual eu já havia sido alertada por minhas irmãs e que passaria com o tempo, como de fato passou. E o que me ajudou a distinguir entre as duas coisas foi o fato de eu, apesar de ainda não estar perdidamente apaixonada pela minha filha, não a estar rejeitando. Eu só precisava de tempo. E ela também. E nos permitimos nos dar esse tempo. Sem nóias. E tudo fluiu.


 

sábado, 22 de outubro de 2011

É Só Uma Pausa...

Como diria minha querida Laurinha do delicioso blog de culinária P.I.T.A.D.I.N.H.A.S., "é só uma pausa... descansar para crescer. Volto assim que recarregar!".

Eu só espero recarregar logo pois a Laurinha, passados mais de dois anos, ainda está 'recarregando', rs.